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Lei do silêncio: facção mata moradores por comemorar prisões e mortes de traficantes

Reciclador foi morto depois de comentar morte de líder do BDM na capital baiana

  • Foto do(a) author(a) Wendel de Novais
  • Wendel de Novais

Publicado em 30 de julho de 2025 às 10:59

Anderson e Waldir são vítimas do BDM Crédito: Reprodução

‘Cuidado para não amanhecer com a boca cheia de formiga’ é uma expressão levada à risca por facções de Salvador em relação a comentários de moradores sobre o tráfico. Na manhã de terça-feira (29), o reciclador Anderson Pereira Conceição, 46 anos, foi encontrado morto em casa após ser espancado na noite anterior no bairro de São Gonçalo do Retiro. A vítima virou alvo de traficantes do Bonde do Maluco (BDM) por comentar a prisão de uma liderança do grupo criminoso no bairro.

Uma fonte policial consultada pela reportagem, que pede para não ter nome e cargos revelados, explica que, para o BDM, Anderson celebrou a prisão do traficante. “Essa comemoração, na verdade, seria um comentário sobre a prisão no sentido de ‘ainda bem que prenderam’. Ele falou isso e, de alguma forma, chegou nos ouvidos de traficantes que são responsáveis por diversos homicídios e espancaram ele”, conta.

Anderson Conceição foi morto pelo BDM por Reprodução

O espancamento seria uma ‘lição’ para o reciclador não fazer mais comentários sobre o tráfico porque a vítima chegou a ir para casa depois da ação do BDM, mas acabou não resistindo aos ferimentos que incluem lesões na cabeça. A morte dele foi confirmada pela Polícia Militar da Bahia (PM-BA), que foi acionada através da 23ª Companhia Independente (CIPM) e encontrou Anderson morto.

O Departamento de Polícia Técnica (DPT) fez perícia e o caso foi registrado pela 2ª Delegacia de Homicídios (DH), que vai investigar o caso. A investigação, entretanto, não é a primeira sobre casos do tipo na capital envolvendo o BDM. O policial ouvido pela reportagem lembra que, em março, na Fazenda Grande do Retiro, a facção executou o rodoviário Waldir Barreto Lopes, 54, em circunstâncias similares.

Apesar das primeiras informações apontarem que o caso foi uma retaliação a uma denúncia feita pela vítima, o crime se deu por algo muito menor. “Esse rodoviário, achando que estava em um ambiente seguro, comentou com outras pessoas a morte de traficantes em uma ação da PM dias antes. Esse comentário foi no sentido de dizer ‘menos quatro’, falando que a morte dos criminosos era boa para comunidade. O BDM soube disso e invadiu a casa dele naquela ação brutal”, explica o investigador.

Os ‘menos quatro’ citado pela fonte são os integrantes do BDM que morreram em confronto com policiais no bairro e, mais especificamente, na Fonte do Capim, onde Waldir morava. Segundo a PM, com os criminosos foram apreendidos uma carabina .40, um revólver 38, duas pistolas 380, sete carregadores, 96 munições de diversos calibres, um rádio comunicador, uma blusa camuflada, 15 porções de cocaína, 61 de maconha e uma bolsa.

Especialista em segurança pública, o coronel reformado Antônio Jorge Melo afirma que os casos expõem uma realidade presente tanto na Bahia como no Brasil e até em outras partes do mundo. "As organizações criminosas “governam”, tanto ou mais do que o Estado. No mínimo, elas impõem regras e restrições ao comportamento dos moradores dessas comunidades conforme a ampla definição de governança criminal e muitas vezes fazem muito mais que isso", destaca Melo. 

As mortes de Anderson e Waldir são investigadas pela Polícia CIvil (PC), mas ainda não há informações sobre a prisão de suspeitos que teriam cometido os crimes. 

VEJA MAIS CRIMES DE FACÇÕES EM SALVADOR NO VÍDEO ABAIXO: