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Elaine Sanoli
Publicado em 27 de maio de 2025 às 06:00
Palco de diferentes episódios de violência ao longo dos últimos dois anos, a Praça Ana Lúcia Magalhães, no encontro dos bairros Itaigara e Pituba, tem sido cada vez menos uma referência de segurança. Apesar de eventos criminosos como furtos e assaltos ocorrerem com certa frequência, como a tentativa de assalto que assustou pedestres e terminou com uma pessoa baleada no último domingo (25), os moradores continuam frequentando o local, que já se tornou uma tradição para quem vive há anos no bairro. >
A praça possui diferentes equipamentos e opções para públicos diversos. Entre os pais que levam seus filhos para aproveitar o parquinho, os donos de pet que levam seus bichinhos para se exercitar e aqueles que vão fazer sua corrida ou caminhada na praça, uma ideia parece ser consensual: o espaço faz parte da rotina e não pode deixar de ser frequentado. Mas com a onda de violência, a atenção precisa ser dobrada. >
“[Casos como o do último domingo] dão mais medo, mas não tem como evitar, porque eu preciso vir com ele para rodar e gastar energia. É bem difícil, mas dá um certo receio”, relata uma moradora que deseja não ser identificada por segurança ao lado do filho de dois anos, que brincava no parquinho na tarde desta segunda-feira (26). Ela conta que mora na região há cerca de um ano e vai até a Praça Ana Lúcia Magalhães pelo menos duas vezes ao dia para acompanhar os dois filhos. “Acho que dei sorte, porque conversando com algumas conhecidas, soube que já aconteceu nesse período do último ano, algumas cenas similares”, responde, ao ser questionada se já presenciou algum episódio de violência no período em que reside na Pituba. >
Para um segundo morador do bairro, ir até a praça todas as manhãs continua sendo parte da sua rotina, mesmo com os cuidados intensificados. “Moro aqui há 24 anos e não vou deixar de frequentar a praça, mas evito ficar andando com o celular exposto, eu boto ele no bolso. Algumas precauções tem que ser tomadas para evitar essa exposição”, explica o aposentado. “Salvador está um caos. A Bahia, de modo geral”, acrescenta. >
Os casos de assalto tem se tornado mais frequentes e, além de quem vive no bairro, também amedronta quem precisa ir e voltar à região diariamente. Uma trabalhadora doméstica contou ao CORREIO que para ir para casa todos os dias, por volta das 19h, é levada pelos patrões até a estação de BRT mais próxima para seguir até a sua residência. “Não dá para ir. Já aconteceu de uma colega da gente ser assaltada voltando para casa, ir falar com policiais que estavam próximos e eles dizerem que não podiam fazer nada”, relembra. >
Ela trabalha na Pituba há pelo menos quatro anos e, inclusive, já presenciou uma assalto. No ano passado, dois homens em bicicletas chegaram à praça e cercaram um idoso para roubar uma corrente e um relógio. As pessoas ao redor gritaram que havia um assalto acontecendo e todos no local se assustaram. “O nosso medo é uma bala perdida e as crianças presenciarem”, relatou a trabalhadora que afirma apenas ficar na praça com a presença da polícia.>
Durante a tarde desta segunda, enquanto a reportagem estava no local, havia a presença de uma viatura da Polícia Militar (PM) e dois policiais em motocicletas. A Guarda Civil Municipal (GCM) de Salvador também está reforçando o policiamento no local. No final da tarde desta segunda, a reportagem também constatou a circulação da GCM na praça. >
Um tiroteio acabou com a tranquilidade da Praça Ana Lúcia Magalhães por volta das 11h30 da manhã do último domingo. De acordo com testemunhas, a praça estava cheia quando os disparos aconteceram e crianças e adultos se jogaram no chão na tentativa de buscar abrigo para se proteger. Segundo moradores, durante uma tentativa de assalto um policial que estaria à paisana no momento do ocorrido teria flagrado o crime e interveio com um disparo de arma de fogo contra o suspeito, que fugiu.>
"Durante a fuga, outro homem ainda não identificado atirou contra o suspeito, atingido na perna uma pessoa que passava no local, a qual foi socorrida para o HGE [Hospital Geral do Estado] e não corre risco de vida", disse a Polícia Civil. Já a PM informou, em nota, que uma equipe da 35ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM) foi acionada com uma denúncia de disparo de arma de fogo na Rua Padre Manoel Barbosa, nas imediações da Praça Ana Lúcia Magalhães. "No local, os militares confirmaram a presença de um homem ao solo, consciente, vítima de disparo de arma de fogo. O SAMU foi acionado e o homem socorrido para uma unidade de saúde". Segundo moradores, a PM não fazia o policiamento do local no momento do incidente.>