Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Agência Correio
Publicado em 10 de dezembro de 2025 às 14:12
A endometriose é uma condição que atinge cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva no mundo. Ela interfere não apenas na saúde física, mas também no bem-estar emocional, afetivo e sexual das pacientes, apontam especialistas.>
É uma condição inflamatória crônica caracterizada pelo crescimento, fora do útero, de um tecido semelhante ao endométrio, que é a camada que normalmente reveste a cavidade uterina. >
Jovem perdeu movimentos após tratamento para endometriose
Esse tecido pode atingir órgãos como ovários, trompas, bexiga e intestino. Como seus sintomas frequentemente se assemelham aos de cólicas menstruais comuns, muitas vezes há atraso no diagnóstico. >
O ginecologista Marcos Tcherniakovsky, diretor de Comunicação da Sociedade Brasileira de Endometriose (SBE), diz que a doença provoca mudanças importantes na dinâmica dos relacionamentos. >
“A dor crônica, uma das principais queixas das pessoas com endometriose, muitas vezes leva à redução do desejo sexual devido ao receio de que a atividade íntima intensifique o desconforto. Em muitos casos, as pacientes acabam evitando o contato sexual, o que pode criar barreiras emocionais e sentimentos de frustração tanto para elas quanto para seus parceiros ou parceiras", explica.>
A ausência de conhecimento sobre a endometriose intensifica os prejuízos à vida afetiva. Muitas pacientes convivem com sentimentos de culpa e vergonha ao não conseguirem corresponder às expectativas do parceiro. >
“Além disso, o estigma em torno das dores menstruais e a percepção equivocada de que a dor é 'normal' contribuem para o isolamento emocional, criando uma barreira que dificulta o diálogo aberto sobre os desafios impostos pela condição. Esse quadro pode gerar tensões, distanciamento e, em casos mais extremos, levar ao rompimento de relações".>
Especialistas reforçam que a disseminação de informação é fundamental para reduzir o estigma e promover ambientes de acolhimento. Há diferentes opções terapêuticas capazes de amenizar sintomas e melhorar a qualidade de vida quando conduzidas por profissionais capacitados. >
“Desde terapias medicamentosas, mudanças no estilo de vida, até intervenções cirúrgicas, cada caso deve ser avaliado individualmente para oferecer o melhor suporte possível. Ressalto a importância do apoio emocional. Terapias de casal e psicoterapia individual podem ajudar a lidar com as emoções geradas pela doença, proporcionando um espaço seguro para expressar medos, angústias e expectativas”, diz o médico.>
A endometriose, por sua complexidade, exige acompanhamento contínuo e abordagem multidisciplinar. >
“Ao reconhecer o impacto que a doença tem na vida sexual e nos relacionamentos, é possível construir caminhos para uma vida mais plena, com menos dor e mais qualidade de vida para as pacientes. Isso passa pelo acesso a tratamentos adequados, apoio emocional e, acima de tudo, pela construção de um espaço de empatia e compreensão mútua", conclui.>