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Maria Raquel Brito
Publicado em 31 de dezembro de 2025 às 05:00
Mais de cem horas de músicas e mais de 60 atrações ao longo de cinco dias. O Festival Virada Salvador 2025 tem música para todos os gostos, e a estrutura também não poderia deixar de contemplar os diferentes públicos que saem de casa para curtir na Arena O Canto da Cidade. >
É com isso em mente que existe há quatro anos o Mirante PCD, área reservada para que pessoas com deficiência possam aproveitar o show com tranquilidade. >
Mirante PCD no Festival Virada Salvador
Além da acessibilidade arquitetônica, o espaço, voltado para pessoas com deficiências físicas e intelectuais, conta com especialistas prontos para auxiliar os visitantes no que for preciso. >
Para Paulo Rogério, de 35 anos, o festival já virou tradição. Todos os anos, a presença de Paulo é certa, e os motivos são muitos. Primeiro que ele é apaixonado por música. Curte todo tipo — mas, nesta terça-feira (30), uma atração era especial: o Olodum. “Olodum é fora de série. Eles são diferenciados”, diz.>
Outra razão é que mora perto da Arena O Canto da Cidade. E a terceira, também muito importante, é a acessibilidade que a estrutura da festa oferece. Para Paulo, que é cadeirante, o Mirante é um ponto essencial para que possa curtir com mais tranquilidade.>
“É acessível, é um bom lugar. Não demora para entrar porque tem um acesso exclusivo para cadeirantes, então para mim é ótimo. Não tem transtorno, não tem agonia, não tem bagunça”, afirma. >
Próximo a Paulo, duas mulheres dançam ao som do Olodum, que abriu as atividades do festejo na terça-feira. Elizete Araújo, de 52 anos, e a filha Emily Caroline, jovem de 21 anos com síndrome de down, curtiam juntas o quinto dia seguido de shows das duas na Arena O Canto da Cidade. No primeiro dia, quem reinou foi Roberto Carlos, ídolo de Elizete. Depois, vieram ver Léo Santana, por quem Emily é apaixonada. Ontem, a programação uniu os gostos das duas — e o mirante, assim como nos outros dias, foi o camarote. >
“Sempre que podemos, estamos aqui. Viemos todos os dias, só amanhã que temos outros compromissos e não vamos conseguir. Eu amo. Somos muito bem acolhidas e é tudo muito acessível”, diz Elizete. >
Quando fala em acesso, Elizete se refere ao próprio mirante e também às formas de chegar até ele. São três entradas para pessoas com deficiência no Festival Virada, a principal e outras duas voltadas para PCDs. >
“Para nós, isso aqui é um marco histórico. A cada ano a gente se surpreende com a quantidade de pessoas, incluindo turistas, pessoas com deficiência que vêm de outros estados, que ficam sabendo do mirante e vêm curtir aqui”, conta Daiane Pina, diretora de Políticas Públicas para a Pessoa com Deficiência de Salvador e coordenadora do Mirante PCD.>
“A sociedade precisa entender que as pessoas com deficiência também consomem arte, cultura, música, que elas passeiam, que elas namoram, que se divertem. E elas curtem o Olodum, curtem Belo, curtem Alok”, defende Daiane. >
Darlene Teles, de 41 anos, também aproveitou o espaço para levar o filho Aquiles, de 13 anos, para assistir às atrações de um ponto menos movimentado. Lá, o adolescente, que está no espectro autista, pôde escolher se via o show em pé ou sentado, enquanto a mãe entoava os sucessos cantados no palco. >
“Hoje a programação está ótima. Nós viemos ver Alok, Belo e muitos outros mais. Ele curte tudo desde pequeno e eu aproveito para curtir também”, brinca. >