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Alan Pinheiro
Publicado em 20 de agosto de 2025 às 22:00
Não importa a idade ou a geração, certas habilidades sempre foram decisivas para prosperar no mercado de trabalho. Dos cursos de datilografia ao domínio do pacote Office, cada época teve suas exigências. Hoje, o cenário se reinventa mais uma vez: a criação de conteúdo nas redes sociais e o uso da inteligência artificial ocupam o centro das atenções. Foi desta forma que o segundo eixo da 16ª edição da Agenda Bahia, com o tema “O Futuro do Trabalho: Competências, tecnologia e pessoas na Nova Economia”, iniciou nesta quarta-feira (20) no auditório da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), no Stiep, em Salvador.>
O segundo painel debateu as transformações do mundo do trabalho e as novas exigências da força produtiva. Foram discutidas questões como requalificação profissional, inteligência artificial, transformação digital e mudanças nas relações de trabalho, com ênfase nas competências exigidas pela nova economia.>
Em meio às revoluções do mundo digital, o publicitário Cleber Paradela, vice-presidente de Inovação e Conteúdo da agência DM9, defendeu o uso estratégico da inteligência artificial como ferramenta fundamental para impulsionar a economia criativa no estado. Segundo Paradela, a Bahia reúne todos os elementos para se destacar na economia criativa, desde que consiga alinhar tecnologia, inclusão e estratégia de conteúdo.>
“Estou fazendo um trabalho inteiro com a inteligência artificial como aliado, para que a gente possa aumentar as nossas capacidades, ter muito mais produtividade e agilizar os processos. A Bahia tem um potencial criativo gigantesco, lembrando que economia criativa é indústria também. Indústria criativa é uma indústria gigantesca e a Bahia é muito forte nisso”, afirmou.>
“Se a gente conseguir usar a estratégia de inteligência artificial de um jeito muito propositivo e forte, se a gente conseguir incluir diversidade e inclusão para fazer com que mais pessoas tenham acesso e possam usar, eu acho que tem um potencial gigantesco”, acrescentou.>
Antes do painel iniciar, o CEO da Community Creators Academy, Fábio Duarte, subiu ao palco para discutir a importância do marketing digital para as profissões e a reinvenção das marcas no cenário da estratégia de conteúdo. “Hoje em dia, qualquer profissional precisa de estratégia de conteúdo, que está diretamente relacionado com marketing. Ele, por sua vez, sempre foi necessário para qualquer profissão prosperar”, disse.>
Criador do FitDance, ele defendeu também que a criação de conteúdo e as habilidades relacionadas à inteligência artificial se tornaram novas skills para o mercado de trabalho. Cabe então aos proprietários de negócios e os próprios profissionais se reinventarem para aproveitar as capacidades de produção da ferramenta e se especializar nessa nova demanda.>
Citando um exemplo, Fábio fez uma análise contundente sobre o impacto da falta de estratégia digital no cenário musical baiano, especialmente no Axé. Segundo ele, o ritmo perdeu relevância por não acompanhar a transformação digital impulsionada pelas redes sociais. >
“O Axé Music foi o estilo musical que menos se digitalizou com o surgimento das redes sociais. Todos os estilos faziam videoclipes e criaram estratégia de conteúdo, só que o Axé Music era baseado em grandes eventos e grandes shows. Então, ele vendia muito ticket, mas ele não vendia muito digital. Isso teve consequências”, afirmou.>
Agenda Bahia reuniu nomes como Cléber Paradela e Fábio Duarte
Além de Fábio e Cleber, o debate contou com a participação de Marcelo Sena, sócio fundador da Mosello Advocacia, e do presidente da Saltur, Isaac Edington, como mediador. Além da produção e do produtor, as novas dinâmicas digitais também demandam uma mudança na legislação trabalhista adequada aos novos formatos de trabalho. >
“Confederações e associações empresariais têm que estar cada vez mais presentes no processo judicial, discutindo as novas regulamentações e no processo legislativo, principalmente. Embora a gente tenha criado muito conteúdo legislativo, ele não é tão útil como deveria. O processo regulatório pode ser muito melhor”, explicou Marcelo Sena.>
Em relação aos criadores de conteúdo, profissão que se torna cada vez mais influente, o advogado citou o vídeo publicado por Felipe Bressanim Pereira, o Felca, como um exemplo de protagonismo e impacto real dos influenciadores no cenário nacional. O youtuber denunciou casos de adultização nas redes sociais, o que desencadeou na votação do Projeto de Lei 2628/22 nesta quarta-feira, que estabelece regras para proteger crianças e adolescentes em ambientes digitais.>
“A gente não pode ir contra o tsunami, precisamos saber navegar por ele. Imagina se a gente tivesse um poder de influência como foi o caso do Felca. Se a gente tivesse um Felca para uma reforma tributária justa, para melhorar as relações de trabalho”, disse. >
Isaac Edington refletiu sobre as mudanças geracionais no campo da comunicação e destacou a importância de se adaptar aos novos tempos. Ele ressaltou que os celulares atuais carregam uma capacidade de processamento muito superior às televisões de décadas atrás. “Estamos assistindo algo que a geração mais próxima não viveu. Então, a gente entende muito dessa transição. Temos que encarar isso com essa visão de como podemos se reinventar”.>
O Agenda Bahia é uma realização do jornal CORREIO com patrocínio da Acelen, Sebrae, Tronox e Unipar, apoio institucional da FIEB e da Prefeitura Municipal de Salvador, apoio do Salvador Bahia Airport e Veracel, e parceria da Braskem.>