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Com os Correios em greve, será que as compras chegam?

Estatal lida com paralisações, déficit bilionário e a busca por um empréstimo salvador

  • Foto do(a) author(a) Donaldson Gomes
  • Donaldson Gomes

Publicado em 20 de dezembro de 2025 às 05:00

A poucos dias da principal data do varejo brasileiro, os funcionários dos Correios em nove estados estão em greve, num movimento que reflete a grave crise financeira enfrentada pela empresa estatal de serviços postais. Se por um lado, os trabalhadores da empresa na Bahia continuam trabalhando normalmente, em São Paulo, por exemplo, há diversas agências paradas.

Nesta sexta-feira (dia 19), o Balanço Geral da Record mostrou uma agência no bairro da Água Branca, na capital paulista, onde os trabalhadores faziam a chamada “operação tartaruga”. Resumindo, a turma vai para lá, bate o ponto, mas não faz absolutamente nada. Em Campinas, no interior paulista, a reportagem da EPTV mostrou que a movimentação de pessoas despachando correspondências estaria acontecendo normalmente. O problema é que os volumes não estariam sendo movimentados.

Antiga sede dos Correios acumula roubos e invasões por Larissa Almeida/CORREIO

Se do lado de cá, milhões de pessoas aguardam as suas encomendas, do outro estão milhares de trabalhadores que vivem a incerteza diante da crise que colocou a empresa federal numa crise que parece não ter fim. A paralisação ocorre em meio a impasses nas negociações do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) e à ausência de reajuste salarial para a categoria. Além de São Paulo, aderiram trabalhadores do Ceará, Paraíba, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Segundo a empresa, dos 36 sindicatos que representam os empregados, 24 não aderiram ao movimento.

No centro do conflito estão reivindicações como reajuste salarial com reposição da inflação, manutenção de direitos históricos, como o adicional de 70% nas férias, pagamento de 200% para trabalho aos fins de semana e um “vale-peru” de R$ 2,5 mil. O problema é que a realidade dos Correios é um déficit de R$ 6 bilhões somente este ano e a necessidade de um aporte de R$ 20 bilhões para a modernização da empresa.

Na última quinta-feira (dia 18), o Tesouro Nacional aprovou o pedido de empréstimo com garantias que faz parte do plano de reestruturação da estatal, apresentado ao governo federal. O valor da operação é de R$ 12 bilhões e, caso a empresa não consiga pagar as parcelas, os cofres públicos – ou “a viúva”, como se diz informalmente – irão cobrir a dívida.

A taxa de juros ficou em 115% do CDI – abaixo do teto de 120% do CDI, estabelecido pelo Tesouro. Esse valor máximo foi o motivo da rejeição da primeira tentativa de empréstimo há algumas semanas. Agora, a proposta precisa ser aprovada pelo Senado, o que deve acontecer só no retorno do recesso, a partir de fevereiro. De acordo com o regimento interno da casa, o Senado avalia todos os pedidos de operações financeiras externas que envolvam a União, Estados, Municípios e empresas públicas.

O texto primeiro precisará passar pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e, após aprovada, segue para o plenário decidir. Nesta sexta-feira (dia 19), o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), afirmou que acredita na aprovação do empréstimo. “Eu não posso falar pelo Senado todo, mas eu acho que como nós votamos na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) o espaço fiscal e orçamentário para caber o empréstimo, nós já votamos sobre isso. Então eu acho que quando chegar a matéria os senadores vão debater. Então, eu acho que entra”, disse Alcolumbre.

O programa de reestruturação passa pelo fechamento de agências, principalmente em grandes centros urbanos, além de programas de demissão voluntária e outras iniciativas para diminuir o déficit nas contas da empresa. Em outra frente, para a geração de receitas, o governo estuda a criação de parcerias com outras empresas, como a Caixa Econômica Federal, para a oferta de serviços financeiros.

O que está fora das possibilidades que estão sendo analisadas é um processo de privatização da empresa. “Quando você olha para o mundo desenvolvido, mesmo nos países mais liberais, os serviços postais são estatais, pois tem de garantir a universalização”, rechaçou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. “Empresas privadas pegam o filé mignon. Precisa reconhecer que é um tipo de serviço que não se paga, em função disso, a maioria das empresas agregam outros serviços”, completou.

Por outro lado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não descarta transformar a empresa numa estatal de capital misto, como é o caso da Petrobras. “Enquanto eu for presidente não vai ter privatização. Pode ter construção junto com empresas. Enquanto eu estiver na presidência não vai ter privatização dessas empresas, pode ter parceria, economia mista, mas privatização não vai ter”, destacou.

É preciso ver no mercado qual seria a empresa privada interessada em entrar como sócia num negócio como este. Mas todas essas questões são para o futuro, o que os funcionários dos Correios querem saber é se terão o tradicional “vale peru”, enquanto a população aguarda as suas encomendas.