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Wendel de Novais
Publicado em 12 de maio de 2025 às 05:15
O comunicado que ordenava um toque de recolher em Caraíva, comunidade ribeirinha de Porto Seguro, no sul da Bahia, tinha uma a sigla ADM como assinatura. As três letras assim organizadas fazem referência a ‘Anjos da Morte’, facção da região que controla o tráfico de drogas e intimida moradores e comerciantes com ameaças. >
A organização criminosa tinha um traficante identificado como Ramon Oliveira Cruz, 33 anos, e conhecido pelo vulgo de Alongado como liderança, mas ele foi morto em uma operação policial no sábado (10), o que motivou o toque de recolher no dia seguinte. Tanto o nome da liderança como o da facção são conhecidos e temidos na comunidade.>
“Todo mundo aqui sabe quem é Alongado e o que é a Anjos da Morte. Era um cara que andava armado e mandava no tráfico na região. Quando a gente soube da morte, já sabia que ia dar problema. Essa facção tem o controle de Caraíva e todo mundo morre de medo”, conta uma moradora, que pede para não se identificar.>
Uma fonte policial consultada pela reportagem, que terá nome e cargo preservados, confirma o que é dito pela moradora. O policial acrescenta ainda que o controle do tráfico da ADM não está só em Caraíva. “Tem dedo deles no tráfico e em mortes em determinada área de Porto Seguro, Arraial D’Ajuda, Santa Cruz Cabrália, Trancoso e diversos povoados”, explica o policial. >
O comando da facção se estende ao distrito de Pindorama, também em Porto Seguro, onde influenciou no caso em que uma adolescente de 16 anos planejou a morte da própria mãe. A vítima foi identificada como Yane Soares Matos e morreu com um disparo de arma de fogo. >
“Nesse caso, a adolescente e o namorado integram essa facção. A principal suspeita foi de que a mãe teria sinalizado que denunciaria a facção e acabou morta por isso. É um grupo criminoso que é pequeno se comparado a outros do estado, mas tem integrantes muito violentos”, completa a fonte policial.>
Os integrantes da facção, assim como o líder Alongado, possuem uma tatuagem específica com o anjo em posse de uma arma de grosso calibre. O grupo se vale da característica turística e do fluxo de visitantes para lucrar com o tráfico de drogas, além de oprimir quem tente usar drogas que não são vendidas por eles.>
A opressão nesse domingo (11) mirou os comerciantes da comunidade de Caraíva, que não puderam abrir seus comércios e ainda viram turistas assustados irem embora com medo de mais episódios de violência no local. A Polícia Militar da Bahia (PM-BA) foi questionada se reforçou rondas após a operação que motivou a imposição da facção e não sinalizou sobre o aumento de policiais na área.>