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Bahia oferece menos aulas para o ensino médio do que o previsto na lei; saiba mais

Pesquisa mostra que estudantes da rede estadual perdem até um semestre por falta de carga horária mínima

  • Foto do(a) author(a) Gilberto Barbosa
  • Gilberto Barbosa

Publicado em 15 de outubro de 2025 às 05:00

Professor em sala de aula
Estudantes do Ensino Médio da rede estadual perdem até um semestre por falta de carga horária mínima Crédito: Divulgação/Gov BA

Uma pesquisa da organização Rede Escola Pública e Universidade (Repu) aponta que a Bahia é um dos dois estados que não reestruturou a carga horária do ensino médio no turno diurno a partir da Lei nº 14.945, sancionada em julho de 2024. Segundo a publicação, os alunos perdem até um semestre letivo como resultado da não aplicação da legislação na grade curricular.

A medida, que passou a valer neste ano, reestruturou a Política Nacional de Ensino Médio e revogou parcialmente a reforma feita em 2017, durante o governo Temer. Entre as mudanças está o aumento da carga horária da formação geral básica de 1.800 para 2.400 horas, além de outras 600 horas para itinerários formativos.

As disciplinas de formação geral são português, matemática, ciências, história, geografia, artes e educação física, inglês, química, filosofia e sociologia.

Um dos responsáveis pela pesquisa é o professor Fernando Cássio, da Faculdade de Educação da Universidade do Estado de São Paulo (USP). Ele explica que a reforma prevê uma duração mínima de 60 minutos por aula e que seis estados ainda não atingiram essa carga horária, sendo a Bahia e o Amazonas os casos mais graves no país.

“A Bahia não cumpre a carga mínima desde 2022, que era o prazo para as redes de ensino se adequarem à reforma de 2017. Os estudantes do turno diurno têm cinco aulas de 50 minutos cada. Ao pegar esses minutos, multiplicar por cinco e depois pelos 200 dias letivos, que a lei preconiza, você percebe que o tempo total de aula corresponde a dois anos e meio dos três anos previstos”, explica Fernando.

Baixo Aprendizado

Em janeiro, a Secretaria de Educação do Estado (SEC) anunciou a reformulação do currículo do Ensino Médio visando a adequação às mudanças. No entanto, o pesquisador aponta que a matriz curricular não especifica o tempo de duração das atividades letivas.

“O Diário Oficial dá a impressão de que as aulas possuem uma hora, o que não é verdade. Comparando os estados da região Nordeste, por exemplo, o estado de Sergipe possui 300 horas de Matemática. Já Pernambuco tem 400, enquanto na Bahia são apenas 200. Esse estudante baiano teve, em média, meio ano a menos de escolaridade, o que é muito grave”, pontua.

Uma das medidas tomadas pela SEC nos últimos anos é a inauguração de escolas em tempo integral. Dados do Censo Escolar 2024, divulgado pelo Ministério da Educação, apontam que apenas 20,9% dos alunos de ensino médio cursavam em escolas integrais. Para Fernando, a implantação do modelo não representa uma resolução do problema, já que o modelo não abrange a totalidade da rede.

“A escola de tempo integral já prevê uma carga superior às 3 mil horas. A questão é que ela não atende a todos e a legislação é cristalina no que tange ao tempo mínimo de aula no turno parcial. Mesmo assim, a carga horária é ainda menor, porque a pesquisa não considera fatores como os dias que os alunos não tiveram aulas por conta de fatores externos, como a falta de professores, por exemplo”, pondera.

Em nota enviada à Folha de São Paulo, o Ministério de Educação (MEC) disse que a redução da carga horária mínima implica danos à aprendizagem. O Enem 2024 apontou queda nas médias de matemática, ciências humanas e ciências da natureza em comparação a 2023.

A SEC foi procurada, mas não se respondeu até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para explicações sobre o assunto.