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Gilberto Barbosa
Publicado em 8 de outubro de 2025 às 05:00
O mês de outubro é dedicado à prevenção e combate ao câncer de mama. A doença é a neoplasia mais comum entre as mulheres baianas e já matou 912 pessoas até o dia 18 de setembro, segundo a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab). O número representa uma média de aproximadamente três mortes por dia no estado ou 106 por mês. Ao longo de 2024, foram contabilizadas 1.349 óbitos. O número de internações até setembro foi de 2.842 - em 2024, esse número chegou a 5.259. >
Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) apontam que a Bahia deve registrar 4.230 novos casos neste ano. Entre os fatores de risco estão a idade avançada, menopausa tardia, histórico familiar e o consumo de álcool. Também é importante estar atento a sinais como alterações no contorno natural da mama, nódulos locais ou na axila, retrações e secreções no mamilo. >
O mastologista Ezio Novais reforça a importância do diagnóstico precoce no combate à doença. Segundo ele, a detecção do câncer no estágio inicial garante uma chance de até 90% de cura da paciente. >
“A pessoa pode perceber algum tipo de caroço ou área mais espessada na mama, o que já seria o suficiente para procurar o médico. No entanto, a maioria dos casos em fase inicial são assintomáticos, sendo difícil de ser percebido até pelos médicos. Daí a importância, de exames como a mamografia e a ultrassonografia mamária, já que eles detectam o câncer antes de ser palpável”, diz. >
Ele também explica que a mulher deve iniciar o acompanhamento médico aos 25 anos, indo ao menos uma vez no ano. Já a mamografia, principal método de detecção da doença, deve ser feita de forma regular a partir dos 40. A exceção vai para pacientes com histórico da doença na família, que devem começar a realizar os exames mais cedo. >
“Mulheres cuja mãe ou irmã, por exemplo, já tiveram câncer de mama costumam receber um acompanhamento mais próximo e realizar a avaliação com mais frequência. O tratamento pode ser feito através de cirurgia, quimioterapia ou radioterapia, com a combinação dos procedimentos definida a depender do caso”, explica. >
A engenheira de produção Greici Campos, 35, recebeu o diagnóstico há três anos. Ela conta que já realizava o acompanhamento com mastologista devido ao fato de sua mãe ter tido câncer de mama há mais de duas décadas. Após identificar um nódulo com desenvolvimento anormal, ela decidiu investigar mais a fundo e constatou a presença do tumor. >
“Por ter tido essa vivência na família, já tinha um certo conhecimento sobre a doença. Ainda assim, é sempre assustador o diagnóstico, principalmente, pelo fato de o câncer ainda ser tratado como uma sentença de morte. Então, o baque inicial foi muito grande”, explica. >
Suporte>
Para o tratamento, Greici realizou um procedimento de mastectomia (retirada cirúrgica da mama), seguido de 16 sessões de quimioterapia e outras 15 de radioterapia. O processo durou cerca de seis meses e, desde então, ela faz acompanhamento periódico. >
“Foi um processo bem difícil, especialmente a primeira etapa. Iniciei o processo no modo sobrevivência, de fazer o que precisava ser feito. É psicologicamente doloroso, mas tive o suporte de família e amigos que garantiram que estivesse sempre rodeada de cuidados. Não foi fácil, mas tive apoio”, afirma. >
“É importante frisar que a cirurgia retira apenas uma parte da mama e a preserva esteticamente. A retirada total ocorre em casos em que o nódulo está num estágio mais avançado e a paciente pode fazer a reconstrução no mesmo procedimento. Essa é uma técnica realizada há mais de 20 anos e que pode ser feita por todas as pacientes”, ressalta o mastologista. >
No processo de recuperação, Greici também contou com acompanhamento psicológico e fisioterapia. Após o tumor entrar em remissão, ela fez mudanças no seu estilo de vida, passando a realizar atividade física. >
“Eu passei a ter atenção com a minha alimentação e com o meu sono. Essa foi uma chave que mudou na minha vida e passei a seguir à risca. Não tomo mais medicamento, então tenho que fazer o máximo para que meu corpo não volte a ter a doença. O câncer mexe muito com o seu psicológico, então, você fica a todo tempo em estado de alerta”, lembra.>