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Yan Inácio
Publicado em 2 de setembro de 2025 às 05:00
Ao menos 22 carretas das empresas G8Log e Moskal Log, pertencentes a empresários ligados ao esquema bilionário do Primeiro Comando da Capital (PCC), que envolve postos de gasolina e lavagem de dinheiro por meio de fintechs, estão paradas em uma área de posto de combustíveis em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS) desde sexta-feira (29). >
Motoristas responsáveis pelos veículos disseram à TV Bahia que haviam descarregado um produto em uma indústria em Camaçari, mas não revelaram qual era o composto. O Fantástico mostrou que as carretas destas empresas foram flagradas transportando metanol, composto químico usado para batizar gasolina e etanol, além de altamente prejudicial à saúde e ao escapamento dos carros.>
A Polícia Federal conversou com os motoristas das carretas na sexta-feira e coletou dados para averiguação, mas não encontrou irregularidades. A PF não se pronunciou sobre os questionamentos da reportagem sobre a origem e o destino das carretas.>
Em nota enviada à TV Bahia, Agência Nacional do Petróleo (ANP) informou que fiscais do órgãos foram ao local e coletaram informações dos veículos para verificação na Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz). A Agência também entrou em contato com as autoridades responsáveis pela Operação Carbono Oculto para coordenar ações relativas aos caminhões que estão em Camaçari.>
Foragidos, os empresários Mohamad Hussein Mourad, o “Primo” , e Roberto Augusto Leme da Silva, o “Beto Louco”, são apontados como o epicentro do esquema criminoso. Ele foram os principais alvo da megaoperação deflagrada na última quinta-feira (28) pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), com o Ministério Público de São Paulo e a Receita Federal. A G8LOG e a Moska são apontadas como empresas de fachada ligadas ao esquema criminoso do PCC.>
O grupo controlava cerca de 1,2 mil postos e operava de forma organizada, antecipando-se a fiscalizações e usando usinas de etanol, distribuidoras, transportadoras, fintechs e fundos de investimento da Faria Lima.>
O esquema tinha início no Porto de Paranaguá, no Paraná, com a importação clandestina de produtos químicos como metanol e nafta, desviados de indústrias químicas para adulterar gasolina e etanol. Especialistas alertam que o metanol é altamente tóxico, podendo causar perda de visão e falência de órgãos.>
Para abastecer a rede criminosa e lavar dinheiro, a quadrilha adquiriu ao menos cinco usinas de etanol endividadas no interior de São Paulo, pagando até 43% acima do valor de mercado em algumas operações.>
Sem faturamento até 2019, a empresa chegou a quase R$ 800 milhões em 2021, e parte do dinheiro foi transferida para o empresário Rafael Renard Gineste, preso ao tentar fugir de lancha em Santa Catarina.>
Além da produção de combustível adulterado, os criminosos também controlavam um grande esquema de lavagem de dinheiro, com o uso de estabelecimentos como postos de combustíveis e padarias. Mais de 19 postos de combustíveis em Goiás e São Paulo foram citados em decisões do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).>
Já as padarias usavam empresas com nomes similares para confundir a fiscalização, além de “laranjas” como testa de ferro para os empreendimentos, segundo a investigação. A empresa Dubai Administração de Bens Ltda. foi apontada pela investigação como administradora da rede de padarias do PCC, que já chegou a figurar em um ranking das melhores da capital paulistana.>