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Caruru e vatapá em setembro: de onde surgiu tradição culinária na Bahia?

Comidas são feitas em homenagem aos santos católicos São Cosme e Damião, ou aos orixás gêmeos Ibeji

  • Foto do(a) author(a) Esther Morais
  • Esther Morais

Publicado em 16 de setembro de 2025 às 05:58

Prato de caruru
Prato de caruru Crédito: Jonas Santana/Gov da Bahia

Se tem celebração em setembro, na Bahia, é bem provável que também tenha caruru e vatapá na mesa. As duas comidas, que fazem parte da culinária baiana, sobretudo às sextas, ganham ainda mais espaço no cardápio ao longo do mês por causa de São Cosme e Damião, ou orixás gêmeos Ibeji. Mas de onde surgiu essa associação?

Segundo o pós-doutor em Antropologia, professor associado da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e babalorixá da Casa do Rei e Senhor das Alturas, Vilson Caetano, a relação entre comida e devoção é antiga e atravessa diferentes tradições.

No Brasil colônia, o culto católico a São Cosme e Damião estava ligado à saúde, e os santos eram celebrados em setembro. Ao mesmo tempo, as tradições iorubás trazidas da África, sobretudo no candomblé, reverenciavam os Ibejis com a oferta de comidas. Nesse encontro, o caruru se tornou um prato de promessa, ex-voto ou agradecimento, oferecido tanto aos santos católicos quanto aos orixás.

“O que tornou isso possível foi o fato de que a comida, como presente, fazia parte tanto das tradições vindas da África quanto do catolicismo português”, ressalta Caetano.

O caruru aos Ibejis reúne as comidas de todos os orixás, o que inclui vatapá, arroz branco, feijão preto, inhame milho branco, acarajé, abará, cana, xinxim de galinha, banana frita e farofa de dendê. por Paula Fróes/Correio

Para além da mesa farta, os pratos guardam uma dimensão espiritual. Cada comida, na tradição afro-baiana, está ligada a um ancestral ou divindade. Comer, portanto, é também um ato sagrado e de identidade.

O mês de setembro também é marcado pela partilha. Preparar e distribuir caruru e vatapá é uma forma de tornar o sagrado coletivo. Muitas casas mantêm o ritual de servir primeiro a sete meninos, lembrando a associação com a infância.

“Comer junto é um ato sagrado. Uma divindade nunca come sozinha. Ao nos reunirmos em torno da comida, reforçamos identidade, pertencimento e ancestralidade”, diz Caetano.