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Maysa Polcri
Publicado em 28 de setembro de 2025 às 16:00
Quem nunca percebeu que o desconforto após uma noite de bebedeira piora com o passar dos anos, que atire a primeira pedra. Em alguns casos, bastam poucas taças de vinho ou um breve encontro com amigos para que a derrota brote na manhã seguinte. Boca seca, dor de cabeça, cansaço e náusea. Às vezes, tudo isso junto. Até quem não costumava ter ressaca na juventude, admite que ingerir álcool fica mais difícil com o avançar da idade. >
Mas, antes de falar sobre a piora - ou não - da ressaca, é preciso entender o que, de fato, significa o desconforto. A médica nutróloga Suzana Viana explica que o mal estar é resultado de alguns fatores. "Incluindo desidratação, acúmulo de metabólitos do álcool (como o acetaldeído), desequilíbrios eletrolíticos, e a resposta inflamatória do corpo", detalha. Mas os efeitos não são iguais para todo mundo. >
Sabe quando você e seu amigo ingerem a mesma quantidade de álcool, mas sentem os efeitos no dia seguinte de forma diferente? Ele acorda disposto para correr uma maratona, enquanto você mal consegue levantar da cama. Quem nunca, né? Isso acontece porque organismos diferentes reagem de forma distinta à metabolização das bebidas. >
Entre os fatores que explicam as mudanças estão causas genéticas, nível de hidratação durante o consumo de álcool (quanto mais água, melhor), gordura corporal e dieta. "Indivíduos com mais massa muscular tendem a metabolizar o álcool de maneira mais eficiente. Já alimentos gordurosos ou ricos em carboidratos podem retardar a absorção do álcool, enquanto beber com o estômago vazio pode intensificar os efeitos", explica Suzana Viana. >
E a idade? A ressaca fica realmente pior depois dos 40 anos? A médica nutróloga explica que sim. Segundo ela, existem diferenças na metabolização do álcool influenciadas por fatores fisiológicos e biológicos. "À medida que a idade avança, o corpo geralmente experimenta uma diminuição na taxa de metabolização. Isso pode ser causado por uma redução na atividade das enzimas hepáticas", afirma. Na prática, o corpo fica mais 'preguiçoso', o que reflete no desconforto sentido no dia seguinte. >
"O fígado desempenha um papel crucial na metabolização do álcool. Com o avançar da idade, podem ocorrer alterações na função hepática, como redução do fluxo sanguíneo e diminuição da capacidade de metabolizar substâncias", completa Suzana Viana. Além disso, a hidratação já não é a mesma com o passar do anos, assim como a sensibilidade ao álcool, que tende a se tornar menor para pessoas mais velhas. >