Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Carol Neves
Publicado em 18 de julho de 2025 às 09:29
Na véspera de ser obrigado a usar tornozeleira eletrônica por determinação do Supremo Tribunal Federal, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) publicou um vídeo nas redes sociais para agradecer publicamente ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por uma carta de apoio divulgada na última quinta-feira (17). >
No vídeo, Bolsonaro afirma que o processo no qual é réu por tentativa de golpe de Estado em 2022 é “inacreditável” e que o objetivo seria retirá-lo da vida pública. “Querem, na verdade, me alijar do processo político. Alijar a maior liderança da direita na América do Sul. Entendo que eleições sem oposição, isso sim é golpe”, declarou.>
Ele também agradeceu diretamente a Trump, destacando o apoio do republicano à sua situação jurídica. “Conte com a minha eterna gratidão”, disse Bolsonaro, referindo-se à “preocupação” do norte-americano com a liberdade de expressão no Brasil.>
Na carta divulgada no mesmo dia, Trump escreveu que Bolsonaro vem sendo alvo de “ataques” por parte de um “sistema injusto” e defendeu o encerramento imediato do processo. O norte-americano ainda afirmou estar “muito preocupado” com o que chamou de ameaças à liberdade de expressão tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil. Ele criticou diretamente o Supremo Tribunal Federal, especialmente o ministro Alexandre de Moraes, pelas ordens de retirada de conteúdos e bloqueios de perfis nas redes sociais.>
Horas antes da publicação do vídeo de Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, deputado federal licenciado e filho do ex-presidente, também se manifestou nas redes. Ele agradeceu a Trump pelo gesto e comparou o Brasil a uma “narco-ditadura”, dizendo que o país estaria trilhando um caminho semelhante ao da Venezuela sob Nicolás Maduro. Eduardo é investigado no STF por suspeita de envolvimento em articulações conspiratórias nos Estados Unidos contra o Estado brasileiro.>
Veja alguns encontros entre o presidente dos EUA Donald Trump e o ex-presidente Jair Bolsonaro
Medidas restritivas>
A principal medida determinada hoje pelo STF a Bolsonaro é o uso obrigatório de tornozeleira eletrônica. O equipamento foi instalado ainda na manhã de sexta, após o ex-presidente ser levado à sede da PF, de acordo com a colunista Monica Bergamo, falando na Band News. A partir de agora, Bolsonaro será monitorado 24 horas por dia. Ele também terá de cumprir recolhimento domiciliar todas as noites, das 19h às 7h, além dos fins de semana.>
Além disso, Bolsonaro está proibido de usar redes sociais, manter contato com outros investigados pelo STF e se comunicar com diplomatas e embaixadores estrangeiros. A restrição inclui também a aproximação física de sedes diplomáticas. Na prática, isso pode significar que o ex-presidente não se comunique com o filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos. Eduardo é investigado por suposta tentativa de obstrução da Justiça e articulações com aliados de Donald Trump.>
Pronunciamento de Lula>
Em meio ao conflito entre Brasil e EUA, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um pronunciamento em cadeia nacional. Sem citar diretamente Trump ou Bolsonaro, Lula criticou o apoio de “políticos” brasileiros às novas tarifas aplicadas pelos EUA ao Brasil, classificando-os como “traidores da pátria”.>
O presidente afirmou que as tarifas representam uma “chantagem inaceitável” e reiterou a independência do Judiciário brasileiro. “No Brasil, respeitamos o devido processo legal, os princípios da presunção da inocência, do contraditório e da ampla defesa. Tentar interferir na justiça brasileira é um grave atentado à soberania nacional”, afirmou.>