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Elaine Sanoli
Publicado em 17 de setembro de 2025 às 21:38
Após sucessivas idas ao hospital, o ex-presidente Jair Bolsonaro foi diagnosticado com carcinoma de células escamosas in situ. A doença, embora se trate de um tumor maligno, é uma forma mais branda de câncer de pele e não chega ao nível de gravidade de um melanoma. A oncologista clínica Lívia Andrade aponta que, por conta dessa característica, o tratamento também é menos agressivo e, na maioria dos casos, não chega a necessitar de quimio ou radioterapia. >
Andrade explica que o carcinoma de células escamosas é um dos mais comuns e corresponde a cerca de 30% de todos os tumores malignos registrados no Brasil e no mundo. Ele é caracterizado pelo câncer nos ceratinócitos, que são as principais estruturas da pele. >
No caso do ex-presidente, a doença é do tipo in situ e foi identificada em duas das oito lesões removidas no Hospital DF Star. >
"Em termos de gravidade comparativa dentro dos carcinomas escamosos cutâneos, o in situ é um estágio mais inicial, porque não invade tecido profundo e vasos sanguíneos", descreve a especialista. Por atingir as camadas mais superficiais, o risco de metástase é inferior, se comparado aos carcinomas mais invasivos. >
Andrade aponta que os principais sintomas costumam aparecer em áreas com maior grau de exposição solar crônica. É comum surgirem lesões de pele em forma de um nódulo endurecido ou como ferida que não cicatriza. "Às vezes com ulceração ou crostas persistentes, podendo causar dor ou sangramento", acrescenta. >
Visto que as lesões não atingem camadas mais profundas, o tratamento é menos agressivo no caso do carcinoma de células escamosas. Um dos primeiros focos, segundo a médica, costuma ser a retirada completa da lesão por meio cirúrgico. "A radioterapia pode ser utilizada em situações onde a cirurgia não é possível, e a quimioterapia é pouco usual nesse tipo de câncer — [é útil] apenas nos poucos casos de estágio avançado da doença", afirma. >
Jair Bolsonaro
Entre os fatores de risco, a médica cita a exposição solar cumulativa, principalmente em fases iniciais da vida. "O risco maior está na exposição solar que tivemos na infância e adolescência", argumenta Andrade. Baixos níveis de melanina na pele também podem representar um perigo, visto que ela funciona como um mecanismo de defesa do corpo contra a entrada de radiação ultravioleta. Por isso, pessoas de pele, olhos e cabelos claros ou ruivos, e pessoas com albinismo, podem ter maior propensão ao desenvolvimento da doença.>
No caso do ex-chefe do executivo brasileiro, a exposição ao sol sem proteção ou moderação ao longo da vida foi citada pelo médico responsável pelo seu tratamento. "Pela característica de pele dele, por ter tomado sol a vida inteira sem muita proteção, ele precisa ser avaliado periodicamente", disse Cláudio Birolini. >
Além disso, são fatores de risco, segundo a médica Lívia Andrade:
"A melhor forma de combater o câncer de pele ainda é a prevenção, com proteção solar adequada e acompanhamento médico regular. O diagnóstico precoce é fundamental: quando identificado na fase inicial, o câncer de pele tem altas taxas de cura", alerta a profissional. >
Na terça-feira (16), o filho do ex-presidente, Carlos Bolsonaro, já tinha adiantado que o pai faria exames para averiguar um câncer. Em transmissão ao vivo nas redes sociais, ao lado do senador Magno Malta (PL-ES), Carlos detalhou que o pai enfrentava dificuldades alimentares e apresentava sinais preocupantes. >
"A situação dele de saúde é delicada. Cada dia come menos. Descobriu-se hoje [terça] que ele tá com problema de falta de ferro no sangue, uma possibilidade de uma nova hérnia surgindo nele, mas é uma coisa inicial, ainda não se pode afirmar nada. Retiraram sete pedaços de profundas de pele dele para ver a possibilidade de averiguação de um câncer", relatou.>
Neste dia, Bolsonaro foi internado no Hospital DF Star, com quadro de vômitos, tontura, queda de pressão arterial e pré-síncope, de acordo com as informações dos médicos.>
*Com informações do portal Metrópoles.>