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Cinco dias de terror: relembre o Caso Eloá, crime que parou o Brasil

Documentário da Netflix volta ao tema anos após o crime

  • Foto do(a) author(a) Carol Neves
  • Carol Neves

Publicado em 11 de novembro de 2025 às 07:01

Caso Eloá
Caso Eloá Crédito: Reprodução

Em 13 de outubro de 2008, Santo André, no ABC Paulista, tornou-se o centro de um drama que chocou o Brasil. Eloá Cristina Pimentel, de 15 anos, foi mantida refém por seu ex-namorado, Lindemberg Alves Fernandes, de 22 anos, em um apartamento durante quase cinco dias. O episódio terminou em tragédia no dia 17 de outubro, quando Eloá foi morta por disparos do sequestrador, enquanto sua amiga Nayara Rodrigues foi ferida, mas sobreviveu.

O caso ganhou repercussão nacional não apenas pela violência e duração do sequestro, mas também pela cobertura intensa da mídia, que transmitiu ao vivo partes das negociações e gerou debates sobre ética jornalística. Especialistas destacam que a atenção da imprensa amplificou a pressão sobre os envolvidos. O papel da polícia também foi alvo de escrutínio e a decisão de deixar Nayara voltar ao cárcere após ser libertada foi criticada.

O cárcere privado

Na tarde de 13 de outubro de 2008, por volta das 13h30, Eloá Cristina Pimentel, de 15 anos, estava em seu apartamento no bairro Jardim Santo André, na Grande São Paulo, junto de amigos - Nayara Rodrigues da Silva e dois rapazes - realizando um trabalho escolar, quando seu ex‑namorado Lindemberg Alves Fernandes, então com 22 anos, invadiu o local armado.

Lindemberg Alves por Reprodução

Ele fez os quatro reféns naquele apartamento na periferia de Santo André, exigindo a volta do relacionamento e impedindo a saída da jovem. Na primeira noite, Lindemberg libertou os dois rapazes, mas manteve Eloá e Nayara sob seu controle.

No segundo dia, Nayara foi liberada pelo sequestrador. Porém, em um episódio particularmente controverso, ela voltou ao apartamento sob orientação da polícia para tentar negociar com Lindemberg, e acabou sendo mantida refém novamente. Segundo depoimento de um policial, “a volta de Nayara ao cativeiro não foi planejada”. Já Lindemberg afirmou que “foi a Eloá (quem pediu para a Nayara voltar)”.

Nayara relatou que, ao retornar, viu movimentos de barricada dentro do apartamento - Lindemberg chegou a arrastar uma mesa para bloquear a porta.

As negociações sob holofotes da mídia

Durante os quase cinco dias de cárcere - cerca de 100 horas - equipes de negociação da Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE) da Polícia Militar de São Paulo e da Tropa de Choque tentaram fazer com que Lindemberg se rendesse.

Enquanto isso, a cobertura jornalística tomou proporções extraordinárias: câmeras ao redor do prédio, transmissões ao vivo, telefonemas do sequestrador para programas de TV e debates na mídia que repercutiam cada movimento. Essa exposição, segundo os estudos mencionados, “inflamou” a situação.

Durante o sequestro, a apresentadora Sônia Abrão e sua equipe se envolveram diretamente na cobertura do caso, realizando contatos telefônicos com Lindemberg e repercutindo declarações do sequestrador ao vivo. A atitude gerou críticas intensas, com afirmações de que o programa contribuiu para a tensão dentro do apartamento e para a exposição das vítimas. Um relatório sobre ética na cobertura midiática do Caso Eloá destacou que “o contato direto com o sequestrador e a transmissão contínua de informações privilegiadas ultrapassou os limites do jornalismo informativo e pode ter influenciado o comportamento do agressor”.

Nayara e Eloá por Reprodução

O momento decisivo e o desfecho trágico

Na tarde de 17 de outubro, após sucessivas tentativas de diálogo, a polícia realizou uma ação de invasão: alegou ter ouvido um disparo vindo do interior do apartamento, o que motivou o arrombamento da porta com explosivos.

Segundo Nayara, ela não ouviu o disparo antes da explosão, e afirmou que o sequestrador havia montado uma barricada minutos antes do cerco.

No confronto que se seguiu, Lindemberg atirou contra Eloá e Nayara. Eloá foi atingida por dois tiros - um na cabeça e outro na virilha - e morreu horas depois no hospital. Nayara sobreviveu, mas foi baleada no rosto. Houve controvérsia sobre quem deu os tiros: Lindemberg confessou o disparo em Eloá, mas questionou se teria efetivamente atirado em Nayara.

Baleada, Eloá foi levada ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos e morreu poucas horas depois. Em meio à tragédia, a família tomou a decisão de doar os órgãos da adolescente, permitindo que sua perda salvasse outras vidas e deixando um legado de solidariedade em meio à dor.

Justiça

O júri de Lindemberg foi realizado em fevereiro de 2012, quando ele foi condenado por homicídio qualificado, cárcere privado, tentativa de homicídio e disparo de arma de fogo.

Ele cumpre pena na Penitenciária Dr. José Augusto César Salgado (P2), em Tremembé, interior de São Paulo, e é descrito como um "preso exemplar", com direito a saidinhas temporárias em feriados. 

A família de Eloá acionou a Justiça questionando a atuação do Estado durante o sequestro e as medidas de segurança adotadas. Em 2014, uma ação por danos morais movida contra o Estado foi julgada improcedente pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, encerrando formalmente os processos civis relacionados à tragédia. O caso continua sendo referência em debates sobre responsabilidade policial, cobertura jornalística e proteção de vítimas em situações de risco extremo.

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Caso Eloá Lindemberg Alves Eloá Pimentel