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Carol Neves
Publicado em 27 de junho de 2025 às 11:12
O Brasil registrou a menor taxa de fecundidade da sua história: 1,6 filho por mulher, segundo dados do Censo Demográfico de 2022 divulgados nesta sexta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número está abaixo do nível considerado necessário para manter a população estável ao longo das gerações, que é de 2,1 filhos por mulher, conhecido como taxa de reposição populacional. >
O índice brasileiro é mais baixo que o dos Estados Unidos (1,7), França (1,8) e Nigéria (4,6), mas ainda acima do de países como Argentina (1,5), Chile (1,3) e Itália (1,2).>
A taxa de fecundidade representa o número médio de filhos por mulher em idade reprodutiva. Em 1960, o índice brasileiro era de 6,3. Desde então, a queda tem sido contínua: caiu para 4,4 em 1980, 2,4 em 2000 e, agora, chegou a 1,6. A tendência começou na região Sudeste nos anos 1970 e foi se espalhando por todo o país.>
O Censo de 2022 também detalha as diferenças regionais e sociais. O Sudeste apresenta a menor taxa regional (1,41), seguido pelo Sul (1,50), Centro-Oeste (1,64), Nordeste (1,60) e Norte (1,89) - esta última ainda a mais alta, embora também em queda.>
As diferenças entre grupos sociais também chamam atenção. Mulheres indígenas têm, em média, 2,8 filhos, enquanto as brancas apresentam a menor média: 1,4. Mulheres pretas têm média de 1,6; pardas, 1,7; e amarelas, 1,2. A escolaridade influencia diretamente na fecundidade: mulheres com ensino superior completo têm, em média, 1,2 filho, contra até 2 entre as com menor nível de instrução.>
No recorte religioso, evangélicas têm a maior média (1,7 filhos), seguidas por católicas (1,5), mulheres sem religião (1,4), adeptas de religiões de matriz africana (1,2) e espíritas (1,0).>
A pesquisa também mostra que as mulheres estão tendo filhos mais tarde. A idade média da maternidade no Brasil subiu para 28,1 anos em 2022, contra 26,8 anos em 2010 e 26,3 em 2000. Em 2010, o grupo de 20 a 24 anos era o que mais registrava nascimentos (26,5%). Já em 2022, o maior índice ficou com a faixa de 25 a 29 anos (24,4%). O Distrito Federal lidera com a maior média de idade materna (29,3 anos), enquanto o Pará tem a menor (26,8 anos).>
O Censo também revela que aumentou o número de mulheres que chegam ao fim da vida reprodutiva sem filhos. Entre aquelas com 50 a 59 anos, 16% não tiveram filhos nascidos vivos em 2022 — um avanço em relação aos 12% registrados em 2010 e aos 10% em 2000. Segundo o IBGE, esse crescimento está relacionado à postergação da maternidade e à redução do desejo de ser mãe.>