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Lindemberg tem medo do ‘pai matador’ de Eloá e relata pesadelos em que é decapitado

Em visita a psicóloga, ele teria relatado sonho recorrente com pai da ex-namorada

  • Foto do(a) author(a) Carol Neves
  • Carol Neves

Publicado em 12 de novembro de 2025 às 09:05

Lindemberg Alves
Lindemberg Alves Crédito: Reprodução

A cada nova saída temporária da penitenciária de Tremembé, o medo acompanha Lindemberg Alves, o homem condenado pela morte da adolescente Eloá Pimentel. De capuz, máscara e óculos escuros, ele tenta passar despercebido pelas ruas - mas o disfarce pouco tem a ver com segurança sanitária. O verdadeiro motivo é o terror constante de encontrar o pai da jovem que matou em 2008: Everaldo Pereira dos Santos, conhecido no submundo como “Amarelo”, ex-cabo da Polícia Militar de Alagoas e condenado por participar de um grupo de extermínio em Alagoas.

O relato aparece no livro "Tremembé", do jornalista Ullisses Campbell, que mergulha nos bastidores da prisão que abriga alguns dos criminosos mais conhecidos do país. Ele conta que na cadeia Lindemberg reconhece que cometeu um dos atos mais desprezados até mesmo entre criminosos - matar uma adolescente. Por isso, temeria tanto represálias de outros criminosos indignados quanto uma vingança pessoal.

O pavor maior tem nome e rosto. Everaldo, pai de Eloá, hoje com 61 anos, tem histórico de crimes violentos e passou anos foragido. Antes de ser preso, era conhecido como um dos integrantes da “gangue fardada”, grupo de extermínio formado por policiais militares alagoanos e foi acusado de matar um delegado. Foragido havia mais de uma década, usava identidade falsa e vivia em São Paulo, levando uma vida discreta até ser reconhecido durante a cobertura ao vivo do sequestro da filha.

Lindemberg Alves por Reprodução

Durante o cerco ao apartamento onde Eloá era mantida refém, as câmeras de TV mostraram o homem sendo socorrido após passar mal diante do prédio. A imagem, transmitida para todo o país, fez com que delegados de Alagoas o identificassem. O pai desesperado visto na ambulância era também um condenado à revelia por duplo homicídio qualificado, entre eles o do delegado Ricardo José Lessa Santos, irmão do ex-governador Ronaldo Lessa, e do motorista dele, José da Costa Dantas.

Em 1993, “Amarelo” também foi apontado como responsável pela morte da ex-mulher, Marta Lúcia Alves Vieira, encontrada degolada, queimada e esfaqueada em um canavial em Alagoas. A repercussão do caso Eloá acabou revelando sua identidade e resultou em sua prisão, em dezembro de 2009, em um sítio da família em Maceió.

Depois de cumprir parte da pena e obter o regime aberto, Everaldo voltou a viver em São Paulo - ironicamente no mesmo conjunto habitacional onde mora a mãe de Lindemberg e para onde o assassino costuma se dirigir nas saidinhas.

O medo de um reencontro é tanto que o ex-namorado de Eloá evita sair durante o dia e raramente fala com vizinhos. Nos relatórios psicológicos feitos na penitenciária, ele relatou pesadelos recorrentes em que o pai da vítima o persegue e o executa de forma brutal. Em um deles, descrito por Campbell, sonhou estar algemado em um canavial em chamas, cercado por homens encapuzados e fardados. No pesadelo, Everaldo surge mascarado, empunhando um facão, enquanto Eloá aparece ao lado, ordenando: “Faça o que você me prometeu, meu pai.” O sonho termina com Lindemberg sendo decapitado.

Relembre o crime

O sequestro que terminou com a morte de Eloá Cristina Pimentel, de 15 anos, chocou o país em outubro de 2008. A adolescente foi mantida refém por cem horas no apartamento onde morava em Santo André (SP), pelo ex-namorado Lindemberg Alves, então com 22 anos, inconformado com o fim do relacionamento.

O caso teve intensa cobertura da imprensa e revelou falhas na condução das negociações policiais. Durante os cinco dias de cárcere, Lindemberg libertou dois colegas de Eloá e, em seguida, sua amiga Nayara, que mais tarde voltou para ajudar na negociação e acabou sendo feita refém novamente.

Nayara e Eloá por Reprodução

Na sexta-feira, 17 de outubro, o Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE) invadiu o apartamento. Lindemberg atirou contra as duas adolescentes. Eloá foi baleada duas vezes e morreu no dia seguinte, após ter morte cerebral confirmada.

O crime rendeu a Lindemberg condenação por 12 crimes, incluindo homicídio, tentativa de homicídio e cárcere privado. Inicialmente sentenciado a 98 anos e 10 meses, teve a pena reduzida para 39 anos de prisão.

Hoje, ele cumpre pena em regime semiaberto e tem bom comportamento atestado pela defesa. Segundo seus advogados, trabalha, estuda e participa de cursos dentro do sistema prisional.  

Tags:

Caso Eloá Lindemberg Alves