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Carol Neves
Publicado em 9 de novembro de 2025 às 10:33
Dois dias depois de uma reunião interna marcada por tensão entre executivos e funcionários, o Nubank confirmou a demissão de 12 profissionais. O episódio ocorreu na sexta-feira (7), após um encontro virtual conduzido pelo CEO, David Vélez, para discutir a transição da empresa para o modelo híbrido de trabalho. >
Segundo relatos obtidos pela Folha de S.Paulo, o “coffee break” com Vélez, realizado na tarde de quinta-feira (6), contou com a participação de cerca de 7 mil dos 9,5 mil empregados da fintech. O encontro, que tinha como proposta esclarecer dúvidas sobre o novo regime de trabalho, acabou marcado por discussões acaloradas e o que foi descrito como “tom beligerante”.>
Home Office
No dia seguinte, Vélez enviou um novo e-mail interno informando sobre as demissões. “Foi uma decisão difícil, mas nós impusemos um limite do que é desrespeito e agressão”, escreveu o CEO. O conselho de conduta do banco digital analisou os casos e determinou a rescisão por justa causa. Outros funcionários, segundo o comunicado, receberão advertências por escrito.>
Em nota, o Nubank declarou que não comenta casos individuais de desligamento e reforçou a importância de manter o diálogo com a equipe. “Trabalhamos para preservar canais e rituais abertos para o livre debate entre os funcionários, mas não toleramos desrespeito e violações de conduta”, informou a empresa.>
Sindicato exige transparência sobre demissões>
O Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região reagiu às dispensas e afirmou que pedirá esclarecimentos à direção da fintech. “Recebemos a denúncia sobre as demissões desses trabalhadores e procuramos a direção do Nubank para esclarecimentos e abertura de negociação sobre a suspensão dessas demissões. Os trabalhadores foram convidados a se manifestar em uma reunião e depois são punidos com demissão? Queremos esclarecimentos”, afirmou a presidenta da entidade, Neiva Ribeiro.>
A dirigente sindical destacou ainda que, na véspera do episódio, o Nubank havia se comprometido a manter diálogo constante e reuniões periódicas com o Sindicato para acompanhar a implementação do modelo híbrido. “O primeiro problema já apareceu, e precisamos de uma resposta consistente da empresa”, completou.>
O Sindicato informou que está em contato com os profissionais desligados e que os relatos divergem das justificativas apresentadas pela fintech. A entidade convocará, nos próximos dias, uma reunião virtual para ouvir mais trabalhadores e receber novas denúncias por meio de seu canal oficial.>
Mudança no modelo de trabalho>
O impasse ocorre em meio ao anúncio de uma profunda mudança nas regras de home office do Nubank. Até agora, os funcionários precisavam comparecer ao escritório apenas uma semana por trimestre.>
A partir de 1º de julho de 2026, a presença será obrigatória dois dias por semana, e, em 1º de janeiro de 2027, o expediente presencial passará a ser de três dias. O próprio David Vélez reconheceu, em comunicado anterior, que a mudança poderia causar “disrupção para parte dos funcionários”. A empresa afirma que o novo formato visa fortalecer a cultura interna e ampliar a colaboração entre equipes. >
Funcionários de diferentes regiões do país argumentam que a decisão prejudica quem mora longe de escritórios da fintech e alegam falta de representatividade de empregados de fora do Sudeste. Alguns relataram que organizaram suas vidas em torno do trabalho remoto durante os últimos anos.>
Vélez, que atualmente vive no Uruguai, disse que vai se mudar para um país onde o Nubank mantenha escritório físico para acompanhar de perto a transição.>
Expansão e exceções>
Para atender à nova política, o Nubank planeja ampliar sua estrutura física. Atualmente, a empresa possui escritórios em São Paulo, Cidade do México e Bogotá, além de “hubs de talentos” em Montevidéu, Berlim e Durham (EUA).>
Novas unidades devem ser abertas em Campinas, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Buenos Aires e nas cidades norte-americanas de Washington, Miami e Palo Alto.>
Algumas funções permanecerão remotas, por exigirem pouca interação presencial, como as áreas de atendimento ao cliente (Xpeers), investimentos (Investor Help), ouvidoria, rotulagem de dados (Data Labeling), investigação de crimes financeiros e soluções regulatórias.>
Também será possível solicitar exceções individuais, por razões médicas ou logísticas, analisadas caso a caso, considerando critérios como desempenho, senioridade e distância do escritório. A empresa ainda oferece um programa de auxílio para realocação de funcionários.>