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Preço do frango deve cair no Brasil após caso de gripe aviária;veja se você corre riscos

Veterinário explica e orienta consumidores

  • Foto do(a) author(a) Fernanda Varela
  • Fernanda Varela

Publicado em 17 de maio de 2025 às 08:38

Filé de frango com laranja (Imagem: voloshin311 | Shutterstock)
  Crédito: Imagem: Shutterstock

O anúncio do primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial no Brasil, localizado no município de Montenegro (RS), levou diversos países a suspenderem temporariamente a compra de carne de frango brasileira. A medida pode beneficiar o consumidor interno com queda de preços, mas o alívio tende a ser passageiro.

A confirmação do caso foi feita pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) nesta sexta-feira (16). Em nota, a pasta destacou que "não há risco de transmissão da doença pelo consumo de carne de aves ou ovos", e que a suspensão das exportações é um protocolo internacional padrão para evitar a propagação do vírus a partir de aves vivas que possam estar contaminadas.

O Brasil é atualmente o maior exportador de carne de frango do mundo. Em 2024, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), foram mais de 5 milhões de toneladas vendidas para 151 países. Entre os principais compradores que interromperam temporariamente as importações estão China, União Europeia e Argentina. A China, maior cliente do produto brasileiro, anunciou suspensão de 60 dias.

Preço pode cair no curto prazo

A menor demanda externa pode gerar aumento da oferta interna e, com isso, derrubar os preços da carne de frango no mercado nacional. A avaliação é compartilhada por analistas e autoridades do setor.

"A gente não deve comemorar crise, mas o fato real é que teremos uma oferta com excesso no Brasil, possivelmente, por um pequeno período", afirmou o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. "[Isso] pode pressionar o preço um pouco para baixo."

Nos últimos 12 meses até abril, o preço do frango em pedaços subiu 12,21%, e o da ave inteira, 9,16%, conforme dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE.

Apesar da expectativa de alívio, a tendência é que o efeito dure pouco tempo. "As restrições devem durar apenas entre 30 e 60 dias", estima o analista Fernando Henrique Iglesias, da consultoria Safras & Mercado. Ele afirma que a resposta rápida e o controle sanitário do Brasil devem evitar a disseminação da doença.

"O Brasil é referência global em biosseguridade, vai gerando um efeito de otimismo em como o problema vai se resolver", disse.

Ovos também ficam  mais baratos?

O mercado de ovos, que também registrou alta expressiva em 2024 — 16,74% no acumulado de 12 meses até abril —, não deve sentir o mesmo impacto. O Brasil exporta menos de 1% da produção de ovos, o que reduz a influência de medidas internacionais no preço interno.

Mesmo com queda de 1,29% no preço dos ovos em abril, a inflação acumulada ainda pesa para o consumidor. Segundo o ministro Carlos Fávaro, o cenário deve continuar pressionado.

Outros setores também podem sentir efeito

De acordo com o CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, a suspensão de compras por parte de grandes parceiros comerciais pode impactar também os mercados de carnes suína e bovina e de grãos como o milho.

Para Fernando Henrique Iglesias, isso acontece porque a maior oferta de frango pode direcionar parte do consumo de outras proteínas para essa carne. Já o economista André Braz, da Fundação Getulio Vargas (FGV), discorda. "Dificilmente o consumidor que consome carne vermelha troca o produto pelo frango, ainda que este fique mais barato", pondera.

Apesar da suspensão, especialistas acreditam que o Brasil deve manter a liderança nas exportações. "O cenário vai ficar muito turbulento, mas vamos manter boas vendas. Vamos ter números expressivos de vendas", avaliou Iglesias.

Para o veterinário e diretor da FNF Ingredients, Alexandre Camargo Costa, não há risco para os países que importam do Brasil. "A granja em que a contaminação foi identificada era de matrizes, ou seja, não são aves direcionadas ao abate, mas para reprodução", explicou. "Não existe risco nenhum, nem para a população, nem para o país que importa."

André Braz alerta que é fundamental resolver a situação antes da chegada do inverno, período em que o vírus tende a se espalhar com mais facilidade. "Essa agilidade, agora, é tudo para nós", disse.

A disseminação fora de controle, como ocorreu nos Estados Unidos, pode ter efeitos devastadores. Desde 2022, o país já sacrificou cerca de 170 milhões de aves devido ao vírus.