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Saibam quais são os minerais fundamentais para tornar o mundo mais verde

Da bateria do carro elétrico ao painel solar, mudanças na matriz energética dependem de lítio, cobre e outras substâncias orindas da mineração — e o Brasil pode assumir o papel de fornecedor estratégico.

  • Foto do(a) author(a) Donaldson Gomes
  • Donaldson Gomes

Publicado em 31 de outubro de 2025 às 05:00

Atlantic Nickel, da Appian Capital Brazil, é responsável pela produção de níquel no município baiano de Itagibá, na região Sul Crédito: Divulgação 

Sem mineração não haverá transição energética. Para deixar de depender dos combustíveis fósseis e os seus indesejáveis efeitos na temperatura do planeta, o mundo terá que trocar o “C” do carbono desprendido dos hidrocarbonetos por outras siglas da tabela periódica, como o “Li”, de lítio, “Ni”, do níquel, o “Co”, do cobalto, e o “Cu”, do cobre – com direito a um bem baiano “lá ele”. A letra “C”, a bem da verdade, até poderá ter um lugar, mas apenas na forma do grafite, uma diferente forma do carbono.

As baterias recarregáveis, que vão alimentar a eletrificação da mobilidade e dar mais segurança ao uso de energias renováveis, dependem da extração de minerais críticos ou estratégicos. O mesmo acontece no caso do cobre, cuja demanda mundial deverá se elevar em até 40 vezes até 2035, fomentada pelo aumento no consumo de fios, motores, turbinas eólicas, painéis solares e a infraestrutura de carregamentos.

Juntam-se à demanda cobalto, nióbio e terras-raras, que vão acrescentar à vida moderna produtos com nomes futuristas, como neodímio, disprósio e praseodímio. Para Eduardo Machado Orban, presidente da Mineração Taboca, o sucesso da transição energética dependerá da capacidade do mundo de garantir o suprimento de substâncias que muita gente nem sabia que existem.

Painel sobre potencial do Brasil para a produção de minerais críticos por Divulgação Ibram

O carro-chefe da Taboca, apesar de ter o nome de mineração, é a transformação de substâncias minerais e metais. A empresa produz estanho, nióbio e ferro-ligas. “O estanho é um dos grandes protagonistas nos processos de eletrificação, ele é a cola dos metais e tem muita associação com a eletrônica”, explicou nesta quinta-feira (dia 30) pela manhã no último dia da Exposibram 2025, realizada no Centro de Convenções de Salvador. O encontro reuniu os principais nomes da mineração brasileira na capital baiana, desde o início da semana.

“A mineração é uma atividade que ajuda as outras a cuidarem do meio ambiente. Precisamos pensar que sem os fertilizantes, que são produtos minerais, a produção de alimentos seria menos eficiente e demandaria mais áreas para atender a população do planeta. Do mesmo modo, são os metais e outras substâncias minerais que dão sustentação para o crescimento das cidades e o conforto da vida moderna”, destacou o executivo.

Com a urgência do processo de transição energética, diversos produtos minerais passaram a ser conceituados como críticos ou estratégicos. Os críticos são os fundamentais para a transição, enquanto os estratégicos, os que são essenciais para o desenvolvimento econômico, com reservas significativas e potencial para desenvolvimento de cadeias produtivas.

Para Eduardo Machado Orban, o Brasil tem na transição energética uma oportunidade de ouro, níquel ou cobre, se preferir, de assumir um protagonismo ímpar na história. Além do enorme potencial para a geração de energia limpa, o país pode fornecer as substâncias necessárias para a transição, ou com um bom plano de industrialização, garantir o fornecimento dos equipamentos. Ele destacou em sua análise um ambiente geopolítico favorável e um ambiente de negócios favorável à mineração.

“Claro que faltam algumas coisas e a infraestrutura é uma delas. As minas não ficam na costa e isso gera um custo logístico elevado”, diz. “Além disso, esbarramos na questão da mão de obra”, completa.

Segundo Fábio de Figueiredo Brandão, diretor global de Gestão de Ativos e Engenharia da Vale Metais Básicos, a integração da agenda de produção dos metais críticos com a descarbonização é uma realidade em todos os projetos analisados pela companhia. “Nós analisamos as estratégias para o crescimento da nossa produção e a descarbonização como uma mesma agenda. Qualquer novo método ou opção de engenharia precisa levar em conta a descarbonização na nossa estratégia atual de crescimento”, afirma.

Salvador reúne maiores nomes da mineração brasileira durante Exposibram 2025 por Divulgação Ibram

Segundo Brandão, a Vale aposta num expressivo aumento na produção de cobre até 2035. No último ano, a mineradora produziu 300 mil toneladas e em duas décadas pretende alcançar 700 mil toneladas. “Temos este objetivo de ampliar a oferta de um produto que será muito mais demandado, só que queremos fazer isso utilizando cada vez menos água e outros recursos naturais”, explica.

Mark Travers, CEO da Brazilian Nickel e da Pauí Níquel Metais S/A, acredita que a eletrificação da mobilidade, que aqueceu o mercado global de níquel, continuará fomentando o aumento da demanda. Para ele, o grande desafio, não apenas para o Brasil, está na concentração atual da produção na China. “É imprescindível a diversificação geográfica na produção dos minerais críticos. É isso que nós estamos fazendo no Piauí e fazendo muito bem”, aponta.

Segundo ele, a empresa tem uma operação de baixo custo no estado nordestino vizinho à Bahia e está em busca de outros projetos. “Existe uma enorme demanda por projetos como o nosso, que está consolidado após 10 anos no mercado”, diz.

Viagem pelo mundo da mineração encanta estudantes baianos por Divulgação Ibram

País atrativo

Tony Lima, COO da Appian Capital Brazil, responsável pela operação da Atlantic Nickel, que opera no município de Itagibá, no Sul da Bahia, destaca o Brasil como o principal destino dos investimentos da empresa. Segundo ele, o país é muito atrativo para investimentos em minerais críticos, com um mercado financeiro bem regulado, regras claras no setor mineral, mas, em alguns momentos, esbarra na morosidade dos processos de licenciamento.

A pesquisadora Luciana Contador, do Centro de Tecnologia Mineral, explica que os caminhos para suprir a demanda de minerais críticos ou estratégicos vai além da retirada do produto da natureza. “O cobre nem sempre é lembrado como mineral crítico, mas é. A expectativa é de um aumento de demanda de até 40 vezes nos próximos anos. Nós temos reservas do produto no Brasil, mas não o suficiente”, exemplifica. Para a conta fechar é preciso investir tanto no aumento da produção, quanto na “recuperação” do que já foi produzido.

“Os dados oficiais mostram o Brasil como um país com baixa reciclagem de cobre, mas nós sabemos que isso não é verdade. Convivemos com um verdadeiro processo de mineração urbana e precisamos fortalecer a rastreabilidade do produto”, acredita. “A circularidade precisa ser pensada, o Brasil pode ser exemplo de mineração sustentável”.

Rafaela Guedes, consultora independente & senior fellow no Cebri, diz que o Brasil precisa definir quais são os seus minerais críticos para a transição. “Precisamos entender o que o Brasil vai precisar para atingir a sua transição, saber quais são as rotas tecnológicas e quanto será necessário para realizar essa transição energética”, explica.

Encerramento

O último dia de Salvador como capital da mineração brasileira também foi marcado por homenagens ao presidente-executivo do Instituto Brasileiro da Mineração, Raul Jungmann, e por discussões sobre a produção mineral sustentável, além dos desafios de comunicação e reputação enfrentados pela atividade.

Em reconhecimento à sua trajetória profissional e à contribuição para o setor mineral brasileiro, Jungmann recebeu na última quarta-feira (dia 30) o título de Cidadão Baiano, concedido pela Assembleia Legislativa do Estado da Bahia (ALBA).

A cerimônia foi realizada no Plenário do Palácio Deputado Luís Eduardo Magalhães, em Salvador (BA), em sessão especial que reuniu autoridades, representantes do setor mineral e lideranças políticas. Durante o evento, Raul Jungmann expressou profunda emoção ao ser agraciado com a honraria. “Receber este título é uma alegria imensa. A Bahia é um sentimento. Quem nasce no Brasil, nasce baiano. Basta olhar a contribuição que este estado dá às artes, à cultura, à ciência e a tudo o que somos como nação. É inevitável: ao tomar consciência de si e da sociedade, o brasileiro percebe que também é baiano”, afirmou.

Pernambucano, Raul Jungmann destacou sua ligação familiar com a Bahia. “De certa forma, esse título também me reconecta ao meu avô, Paulo Belens, que era baiano de nascimento. Sinto que estou retomando um laço de afeto e história. É uma felicidade enorme, estou verdadeiramente flutuando. Me sinto honrado e grato. Posso dizer agora, com orgulho, meus irmãos da Bahia, cheguei!”.

Durante a tarde, a editora-chefe do jornal CORREIO, Linda Bezerra, participou do painel que discutiu as estratégias de comunicação e reputação no setor mineral. A jornalista falou sobre a importância da transparência no relacionamento de qualquer atividade econômica com a sociedade e demonstrou como é a estratégia de cobertura do jornal. Estiveram com ela na mesa, Danielli Soares Melo Gaiotti, head de comunicação corporativa na Samarco, Cristiano Monteiro Parreiras, diretor de assuntos corporativos e sustentabilidade na Mineração Morro do Ipê, e Mara Cristina Fornari, editora adjunta da revista Brasil Mineral.

“O Jornal CORREIO tem um pioneirismo na criação do primeiro evento para discutir a agenda ESG voltada para a mineração no ano de 2019, numa parceria com a antiga gestão da CBPM (Companhia Baiana de Pesquisa Mineral), destacou a editora-chefe. Para ela, é fundamental que as empresas tenham uma postura mais ativa no processo de comunicação, e menos reativa.