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Ana Beatriz Sousa
Publicado em 18 de abril de 2025 às 15:14
A jornalista e apresentadora Astrid Fontenelle (64), emocionou ao relatar um episódio doloroso de racismo sofrido por seu filho, Gabriel, de 16 anos, durante uma viagem em família a um resort na Bahia. Em entrevista ao programa Chico Pinheiro Entrevista, Astrid relembrou a indignação ao ver o adolescente ser confundido com um funcionário do hotel por uma hóspede. >
“Estávamos na praia e uma mulher virou e disse: ‘Menino, pega ali um colchonete para mim?’. Assim, com esse tom. Fiquei em choque. Respondi na hora: ‘Você está achando que ele é o quê? Funcionário do hotel? Não está vendo que é uma criança?’”, contou Astrid, visivelmente revoltada.>
Segundo ela, a mulher sequer percebeu que o jovem era apenas um hóspede, como ela. “A bonita sai de casa, vai para a praia e o primeiro preto que ela vê acha que é serviçal. Pois não é. É meu filho. Fora daqui!”, disparou.>
Astrid revelou que sua reação foi instintiva e marcada por raiva. “Sempre imaginei que, numa situação dessas, eu reagiria como o Martin Luther King. Mas não consegui. Virei o Malcolm X: fogo nos racistas!”, desabafou. Apesar da intensidade do momento, ela explicou que não houve agressão, mas não se calou diante do preconceito.>
A apresentadora ainda detalhou um momento simbólico: “Ela me chamou de ‘famosinha fazendo showzinho’. Respondi: ‘Não, você é uma racista’. E quando ela virou as costas, dei um presente: estava lendo ‘Escravidão’, do Laurentino Gomes, e mandei entregar no quarto dela. Tomara que tenha lido. Não devolveram”.>
“Ela viu a cor da pele antes de perceber que era uma criança. Não tem outra explicação”, concluiu.>