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“Big Boy”: aranha recém-descoberta tem veneno devastador e força para perfurar luvas protetoras

A “Big Boy”, identificada na Austrália, é maior e mais letal que a aranha-teia-de-funil comum e recebeu o nome de seu descobridor

  • Foto do(a) author(a) Agência Correio
  • Agência Correio

Publicado em 3 de novembro de 2025 às 18:00

Batizada de Atrax christenseni, a espécie tem veneno mais potente e pode atravessar até luvas de proteção.
Batizada de Atrax christenseni, a espécie tem veneno mais potente e pode atravessar até luvas de proteção. Crédito: Pexels

Uma descoberta feita na Austrália chamou a atenção de cientistas e amantes da natureza: uma nova espécie de aranha-teia-de-funil, considerada a mais venenosa do mundo, foi identificada na região de Nova Gales do Sul. O aracnídeo, apelidado de “Big Boy” (“O Grandão”), surpreendeu os especialistas pelo tamanho e pela potência do veneno.

A espécie foi encontrada em 2018 pelo especialista em aranhas Kane Christensen, do Australian Reptile Park. Christensen avistou vários exemplares e notificou o Museu Australiano, em Sydney, que confirmou a identificação como uma nova espécie. Em homenagem ao pesquisador, o animal recebeu o nome científico Atrax christenseni.

“É inacreditável. Ter uma aranha pela qual sou tão apaixonado batizada em minha homenagem é um sonho que se torna realidade. É super emocionante”, disse Christensen ao canal 9News.

A picada da aranha-armadeira causa dor intensa, taquicardia e, sem tratamento, pode ser fatal (Imagem: Tobias Hauke | Shutterstock) por Imagem: Tobias Hauke | Shutterstock

Maior e mais letal

Com até 4,5 centímetros de comprimento, a Atrax christenseni é uma versão maior e mais perigosa da famosa aranha-teia-de-funil de Sydney (Atrax robustus). Christensen explicou que a nova espécie consegue injetar uma quantidade muito maior de veneno em suas presas. “As presas são muito mais compridas… isso poderia resultar numa penetração mais profunda, mesmo através de uma luva… e na quantidade de veneno injetado”, afirmou.

O especialista relatou ainda sua surpresa ao observar o primeiro exemplar. “Eu olhei para aquilo e fiquei simplesmente impressionado com o tamanho descomunal daquilo para um macho daquela espécie... era simplesmente astronômico.”

Como a espécie foi confirmada

Após a descoberta, cientistas do Museu Australiano iniciaram uma investigação detalhada para determinar se a “Big Boy” era uma espécie realmente nova ou apenas uma variação da já conhecida aranha de Sydney.

A equipe do Dr. Michael Gray analisou o DNA dos espécimes e identificou diferenças anatômicas marcantes — principalmente no êmbolo, estrutura responsável pela transferência do esperma nos machos, que se mostrou maior e mais retorcida.

Essas evidências, somadas a anos de pesquisa genética, levaram à confirmação de que existem ao menos três tipos distintos de aranhas-teia-de-funil:

  • Atrax robustus: a clássica aranha-teia-de-funil de Sydney;
  • Atrax montanus: espécie do sul de Sydney;
  • Atrax christenseni: a recém-descoberta “Big Boy”.

Habitat e comportamento

Segundo os pesquisadores, o habitat da Atrax christenseni se restringe a um raio de cerca de 25 quilômetros ao redor da cidade de Newcastle, no sudeste australiano. É improvável que a espécie se espalhe para o sul, em direção à metrópole de Sydney.

Como outras aranhas-teia-de-funil, ela vive em tocas subterrâneas cobertas por uma teia em formato de funil, usada tanto para se proteger quanto para capturar presas. Seu veneno, altamente neurotóxico, atua rapidamente no sistema nervoso, provocando reações graves em humanos se não houver tratamento imediato.

Antiveneno continua eficaz

Apesar da descoberta da nova espécie, especialistas do Museu Australiano garantem que o antiveneno desenvolvido nos anos 1980 continua eficaz contra a Atrax christenseni. O soro é amplamente utilizado em hospitais australianos e é responsável por ter reduzido a zero o número de mortes por picadas de aranhas-teia-de-funil desde sua criação.

“Este é um momento incrível na biologia das aranhas”, declarou o professor Kristofer Helgen, diretor do Instituto de Pesquisa do Museu Australiano. “Esta é a aranha mais venenosa do mundo.”

Importância científica

Para os cientistas, a descoberta da Atrax christenseni reforça o quanto o ecossistema australiano ainda pode revelar espécies desconhecidas. Estudos sobre o veneno dessa aranha podem inclusive ajudar no desenvolvimento de novos medicamentos, já que compostos de toxinas têm sido estudados com potencial terapêutico.

O achado também reforça a necessidade de preservação dos habitats naturais. “Essas espécies vivem em equilíbrio com o ambiente, e seu estudo pode nos ensinar muito sobre evolução e adaptação”, explicou Helgen.

Com a “Big Boy”, a natureza mostra mais uma vez sua capacidade de surpreender — e de lembrar que, mesmo em tempos de tecnologia avançada, ainda há muito a ser descoberto debaixo de nossas próprias botas.