Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Heider Sacramento
Publicado em 25 de agosto de 2025 às 12:14
Camila Pitanga, de 48 anos, corrigiu Mano Brown durante participação no podcast Mano a Mano, exibido no YouTube na última quinta-feira (21). A atriz discordou do rapper após ele se referir a ela como “mulata” e afirmou com firmeza que se reconhece como uma mulher negra. >
Logo no início da conversa, Brown questionou: “Você é mulher mulata? Posso usar esse termo ou não?”. A atriz respondeu de imediato: “Negra!”. O cantor então tentou justificar sua colocação, lembrando que muitas pessoas os classificam como “pardos”.>
“Você sabe que a gente é lido como pardo, certo?”, disse o rapper, ao que Camila retrucou: “Tudo bem, mas eu não me chamo de parda”. Brown concordou em parte, mas explicou sua visão pessoal: “Eu também não, mas mulato eu sou e eu entendo como a gente é lido. Não adianta eu querer ser o blue [retinto], as pessoas me leem como o brown [negro de pele clara]”.>
Camila Pitanga no podcast Mano a Mano
Durante a discussão, Mano Brown acrescentou que já presenciou debates sobre a raça de ambos: “Eu já vi debates sobre a sua raça e sobre a minha… se você é negra ou não. Então, por isso que eu te pergunto: a visão, a forma como ele [Antônio Pitanga, pai da atriz] é visto, é diferente de você. Certo?”.>
Camila respondeu reforçando sua identidade: “Uma coisa é como me veem e como eu me vejo”. Ao explicar como se enxerga, ela destacou: “Como uma mulher negra em movimento. A questão é que, tendo esse baobá do meu lado, tendo Benedita da Silva como também parte da minha ancestralidade, sendo filha de Vera Manhães, tendo essa ancestralidade forte e muito clara no meu horizonte, na minha raiz, eu sei que a gente, quando sabe de si, se coloca com força para o mundo. E isso, você não precisa do outro para se reconhecer e se validar”.>
O termo “mulata” carrega uma forte carga histórica de racismo e objetificação, especialmente contra mulheres negras. Originalmente derivado do espanhol mulato, ligado ao árabe mowallad ou ao latim mulus (mula), foi usado na colonização para classificar pessoas miscigenadas e fragmentar a população negra, dificultando sua organização política. Especialistas explicam, que ao longo do tempo, também passou a ser associado à hipersexualização, reforçando estereótipos racistas e reduzindo mulheres negras à condição de mercadoria. >
Atualmente, a palavra é considerada ofensiva e problemática, com expressões como “mulata tipo exportação” sendo vistas como desumanizadoras. Especialistas e movimentos sociais recomendam evitar o uso do termo e adotar designações que respeitem a identidade racial, como “negra”, “parda” ou “mulher negra”, em um esforço para combater preconceitos e promover a valorização da história e da ancestralidade negra.>