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Agência Correio
Publicado em 16 de dezembro de 2025 às 18:00
Ela afunda. Ela se expande. Ela se deforma. E, acima de tudo, ela se move alguns centímetros por ano. A Groenlândia está passando por um conjunto de transformações geológicas que revelam um cenário muito mais dinâmico do que se imaginava. >
O comportamento do solo groenlandês é resultado de três forças simultâneas: tectonismo, derretimento recente e ajustes iniciados há mais de 10 mil anos.>
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Estudos recentes revelaram uma movimentação vertical complexa no território groenlandês. Em algumas regiões, o solo está subindo devido ao alívio do peso do gelo derretido. Em outras, a superfície está afundando lentamente, resultado da redistribuição do manto e de pressões geológicas acumuladas.>
Esse comportamento desigual criou um mosaico de microdeformações que surpreendeu os pesquisadores. Os levantamentos GNSS mostraram variações superiores às previstas, indicando que a estrutura interna da ilha responde com maior sensibilidade às mudanças climáticas atuais.>
Com isso, comunidades costeiras precisam lidar com terrenos instáveis, onde cada centímetro conta para construções, rotas de navegação e planejamento urbano de longo prazo.>
Os efeitos da última era glacial persistem de forma mais intensa na Groenlândia do que em muitas partes do mundo. Enquanto o Canadá se eleva após perder a massa colossal da antiga Camada Laurentide, a Groenlândia reage de forma oposta, dobrando-se em direção ao Atlântico.>
Esse desequilíbrio explica a migração da ilha para noroeste e compõe uma peça crucial do quebra-cabeça sobre sua transformação. A relação entre Canadá, Estados Unidos e Groenlândia é mais profunda do que simples proximidade geográfica: é uma dança geológica que dura milênios.>
A nova pesquisa usa modelos inéditos para separar o que é tectônico, o que é resultado do derretimento atual e o que ainda vem da era glacial. O que sobra, finalmente, é o desenho mais preciso já registrado da movimentação da maior ilha do mundo.>
O derretimento contemporâneo é talvez o elemento mais crítico nessa transformação. Ele afeta diretamente o relevo, modifica o equilíbrio do manto e eleva o nível do mar globalmente, um impacto que vai muito além do Ártico.>
Os cientistas destacam que a Groenlândia responde de forma particularmente rápida ao aquecimento global. A retração da camada de gelo cria uma espécie de “empurrão” lateral nas áreas costeiras, modificando lentamente o contorno da ilha.>
Essas mudanças, embora imperceptíveis no dia a dia, acumulam impactos significativos ao longo dos anos e já fazem parte de projeções climáticas usadas em pesquisas internacionais.>