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Agência Correio
Publicado em 12 de dezembro de 2025 às 06:50
Em muitas famílias, o cachorro já virou integrante oficial do quarto e sobe na cama todas as noites. Para esses tutores, sentir o pet por perto traz carinho, sensação de proteção e ajuda a aliviar a solidão. >
Ao mesmo tempo, pesquisas em sono e saúde pública começam a olhar com mais atenção para esse costume. Estudos indicam que o hábito pode prejudicar a qualidade do descanso e elevar a exposição a doenças transmitidas por animais.>
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Na prática, o efeito não é igual para todo mundo. O impacto de dormir com o cachorro na cama varia conforme a higiene da casa, a rotina do pet, a sensibilidade do dono e possíveis problemas de saúde já existentes.>
Levar o cão para o quarto costuma começar de forma inocente, em noites frias ou em momentos de estresse. Aos poucos, o animal se acostuma ao ritual, ganha espaço no colchão e passa a fazer parte da rotina de sono da família.>
Para muitos tutores, o cachorro funciona quase como um travesseiro vivo. A presença dele ajuda a relaxar, diminui a sensação de medo e deixa o ambiente mais acolhedor, principalmente para quem mora sozinho.>
O problema é que esse conforto emocional pode vir acompanhado de microdespertares ao longo da noite. O pet se mexe, arranha a cama, sacode o corpo ou late, e cada pequeno movimento interfere no seu descanso.>
Pesquisas com monitoramento de sono mostram que cães na cama costumam reduzir a eficiência do descanso. Um estudo publicado na revista Scientific Reports, por exemplo, observou mais despertares em adultos que dormiam com pets.>
Outro trabalho, divulgado no Journal of Pediatric Psychology, analisou crianças e adolescentes e encontrou relação entre a presença do cachorro na cama e noites mais fragmentadas, com menor duração total de sono.>
Cães
Em estudos com actígrafos, aparelhos que registram movimentos durante a noite, pesquisadores notaram que o cão muda de posição com frequência. A cada mexida, o tutor se ajusta no colchão e entra em fases mais leves de sono.>
Com o tempo, esse padrão pode causar cansaço crônico, dificuldade de concentração, irritação e sensação de que a pessoa “dorme a noite toda”, mas não acorda realmente descansada.>
Além do impacto no sono, especialistas em doenças infecciosas chamam atenção para as zoonoses. Quanto mais próximo o contato com o animal, maior a chance de exposição a microrganismos presentes em pelos, patas e saliva.>
Um artigo publicado na revista Pathogens destacou que pets que dormem na cama podem carregar bactérias da família Enterobacteriaceae, além de parasitas de pele, como pulgas e ácaros, que irritam e podem causar alergias.>
Segundo esse estudo, o risco aumenta quando o animal não tem vermifugação em dia, não passa por controle de pulgas e carrapatos e vive em casas com pouca limpeza de cobertores e mantas usados por humanos e cães.>
Grupos mais vulneráveis, como idosos, pessoas imunossuprimidas, gestantes e crianças pequenas, merecem atenção especial. Para esses perfis, infectologistas costumam recomendar que o pet não divida o mesmo colchão.>
Por outro lado, os benefícios emocionais ajudam a explicar por que tanta gente resiste à ideia de tirar o cachorro da cama. Pesquisas com pacientes de dor crônica, por exemplo, relatam sensação maior de conforto com o pet por perto.>
Estudos sobre sono infantil também registram que algumas crianças se sentem mais seguras quando o animal dorme no mesmo quarto. O cachorro funciona quase como um “companheiro de vigia” em noites de tempestade ou medo do escuro.>
Entre adultos, é comum ouvir relatos de menos solidão, menos ansiedade e mais sensação de aconchego ao deitar. Em muitos casos, o dono aceita pequenas perdas de qualidade de sono em troca desse apoio emocional diário.>
Se você não pensa em mudar o hábito, alguns cuidados ajudam a reduzir riscos. O primeiro é manter a saúde do animal sempre em dia, com consultas regulares ao veterinário e exames sempre que ele apresentar alterações.>
Também vale limitar o espaço do cão na cama ou oferecer uma caminha própria ao lado do colchão. Assim, ele continua por perto, mas reduz o impacto direto dos movimentos no seu descanso ao longo da noite.>
Manter o ambiente ventilado, aspirar o quarto regularmente e evitar que o pet suba na cama logo após passeios de rua também ajudam a diminuir a sujeira e os agentes que podem causar alergias ou infecções.>
Alguns sinais indicam que vale reavaliar o costume. Se você acorda cansado quase todos os dias, cochila com facilidade durante o dia ou recebe reclamações sobre irritação e falta de foco, o sono pode estar comprometido.>
Especialistas em medicina do sono recomendam registrar por alguns dias a rotina noturna. Anote horários, despertares, posição na cama e se o cachorro dormiu ou não com você. Esse diário simples revela padrões importantes.>
Em casos de ronco intenso, pausas respiratórias, insônia ou sonolência excessiva, a orientação é procurar um médico do sono. Nessa avaliação, o hábito de dividir a cama com o pet entra na conversa como mais um fator de risco.>