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Ana Beatriz Sousa
Publicado em 19 de maio de 2025 às 13:17
Parece história de ficção, mas é real: em outubro de 1582, dez dias simplesmente sumiram da história. O mundo foi dormir no dia 4 e acordou no dia 15. Os dias 5 a 14 de outubro não existiram nos países que adotaram, naquela época, o novo calendário proposto pelo Papa Gregório XIII: o calendário gregoriano, que usamos até hoje.>
Essa mudança foi feita para corrigir um erro acumulado no antigo calendário juliano, criado por Júlio César. Embora fosse baseado no ciclo solar, o modelo exagerava em 11 minutos por ano. Com o tempo, isso bagunçou eventos religiosos como a Páscoa, que já não caía mais na data certa.>
Para resolver a questão, o Papa convocou estudiosos e implementou uma nova regra: anos bissextos continuariam a cada quatro anos, exceto quando o ano fosse múltiplo de 100 (a não ser que também fosse divisível por 400). Foi assim que 1700, 1800 e 1900 deixaram de ter o dia 29 de fevereiro, mas 1600 e 2000 continuaram bissextos.>
Com o novo calendário mais preciso, os dias extras do calendário juliano foram cortados para alinhar o tempo com as estações. Países católicos como Portugal, Itália e Espanha adotaram a mudança de imediato. Já nações protestantes demoraram mais: o Reino Unido, por exemplo, só mudou quase dois séculos depois.>
Hoje, o calendário gregoriano é utilizado na maior parte do mundo. Mesmo assim, vestígios da confusão romana ainda estão em nossos meses. Dezembro, por exemplo, deriva do latim decem (dez), porque era o décimo mês no antigo calendário de Rômulo, que começava em março e contava apenas dez meses. Janeiro e fevereiro só foram adicionados depois, pelo rei Numa Pompílio, para tentar organizar a contagem que até então deixava o inverno de fora.>
Se quiser conferir, abra o calendário do seu celular e vá até outubro de 1582: os dez dias "apagados" continuam fora até hoje.>