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Fernanda Varela
Publicado em 28 de outubro de 2025 às 05:00
Em Joinville, Santa Catarina, vive um homem que carrega um dos nomes mais pesados da história e, ainda assim, aprendeu a transformá-lo em símbolo de fé. Aos 32 anos, o empresário Adolfo Hitler Devillart Mascarenhas diz que nunca pensou em mudar o registro escolhido pelo pai, já falecido, mesmo sabendo do impacto que o nome provoca.>
“Meu pai escolheu esse nome e nunca explicou o motivo. Eu cresci entendendo que não posso ser julgado por isso. O que define a minha vida é o que eu faço com ela”, afirma.>
Adolf Hitler
Nascido em Fortaleza, ele viveu no Rio de Janeiro antes de se mudar para Santa Catarina em 2019. Foi durante a lua de mel em Balneário Barra do Sul que decidiu recomeçar a vida no Sul do país. Hoje, administra uma loja de estofados e participa ativamente da igreja evangélica que frequenta.>
Apesar da reação de espanto que o nome causa, ele garante nunca ter enfrentado bullying. “Uma vez no aeroporto começaram a anunciar meu nome no alto-falante. Todo mundo parou pra ver quem era e eu fiquei sem graça. Mas levo com humor, porque sei quem eu sou.”>
Em outra ocasião, conta que viveu uma coincidência curiosa ao comprar um terreno. “O dono se chamava Jesus. No cartório todo mundo riu da situação, porque parecia uma cena montada”, lembra.>
Adolfo diz que aprendeu a lidar com as reações com naturalidade e fé. “Sou cristão, tenho uma família linda e dois filhos. Eu cultivo um lar sem violência e com amor. Acredito que Deus usa até as situações mais estranhas para nos ensinar algo”, diz.>
Dados do IBGE mostram que, entre as décadas de 1930 e 2010, apenas 188 pessoas foram registradas com o nome Hitler no Brasil — e nenhuma em Santa Catarina no período.>
Para o historiador Wilson de Oliveira Neto, da Univille, nomes ligados ao nazismo carregam um desconforto global e precisam ser tratados com seriedade. “O nome está associado a um dos períodos mais violentos da história e ao genocídio de milhões de pessoas. Escolher nomes assim é uma falta de responsabilidade e de consciência histórica”, avalia.>
Mesmo assim, o empresário diz que prefere ver a própria história por outro ângulo. “As marcas que a gente carrega nos tornam mais fortes. Eu não sou o meu nome, sou as minhas atitudes. E quero que meus filhos cresçam sabendo que é possível reescrever qualquer história”, conclui. As informações são do História do Mundo.>