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Fernanda Varela
Publicado em 30 de setembro de 2025 às 18:26
O caso de Doris Stauffer, de 74 anos, expôs um escândalo envolvendo a destinação de corpos doados para a ciência nos Estados Unidos. Após a morte da idosa, o filho, Jim Stauffer, decidiu entregar o corpo ao Centro de Recursos Biológicos (BRC), no Arizona, com a expectativa de que fosse utilizado em pesquisas sobre doenças cerebrais, como o Alzheimer.>
Jim Stauffer
Dez dias depois, ele recebeu os restos cremados da mãe acreditando que a vontade havia sido cumprida. Anos mais tarde, no entanto, descobriu por meio de uma investigação da agência Reuters que o corpo nunca foi estudado por cientistas. Em vez disso, havia sido vendido ao Exército norte-americano e utilizado em testes de explosões.>
O filho destacou que no formulário de consentimento havia proibido expressamente esse tipo de uso. “Dissemos que não para qualquer experimento com explosivos. Marcamos a opção ‘não’ em tudo isso”, afirmou à emissora ABC 15.>
O episódio revelou brechas na legislação norte-americana. Embora órgãos para transplante não possam ser comercializados, não há uma lei federal que regule a venda de cadáveres ou partes do corpo doados para ciência. Assim, em muitos estados, esse comércio é legal, o que permite que empresas privadas atuem como intermediárias, conhecidas como “corretoras de corpos”.>
Hoje, pelo menos 33 famílias, incluindo a de Doris, movem ações contra o BRC, acusando a instituição de falta de dignidade e desrespeito com os restos mortais de seus entes queridos. O caso reacendeu o debate sobre a fiscalização do destino dos corpos doados e os limites éticos desse tipo de prática.>