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Ele era um garoto pobre e construiu um império do café que hoje vale R$ 500 bilhões depois de um simples encontro

De uma infância humilde ao comando da maior rede de cafeterias do mundo

  • Foto do(a) author(a) Agência Correio
  • Agência Correio

Publicado em 25 de novembro de 2025 às 06:00

Visionário que transformou o café em experiência e superou 242 rejeições para construir um império global
Visionário que transformou o café em experiência e superou 242 rejeições para construir um império global Crédito: Wikimedia Commons

Howard Schultz não vendeu apenas café para o mundo; ele comercializou uma experiência de conexão humana. Sua história é a prova de que a visão de um líder pode transformar um produto básico, considerado uma commodity, em um ritual global que movimenta bilhões de dólares e impacta a rotina de milhões de pessoas diariamente.

A narrativa de Schultz começa muito longe das salas de reunião corporativas, em um projeto habitacional no Brooklyn, onde a escassez financeira era a regra. No entanto, foi justamente essa origem humilde e as dificuldades enfrentadas por sua família que moldaram o conceito revolucionário de "terceiro lugar" — um refúgio essencial entre a casa e o trabalho.

Café por Shutterstock

Essa resiliência inabalável fez o jovem que viu seu pai ser desvalorizado pelo mercado de trabalho dar origem a uma cultura empresarial que prioriza pessoas e serve 100 milhões de clientes semanalmente.

Origens humildes e a semente da empatia

Nascido em 1953 no Brooklyn, Nova York, Howard Schultz cresceu em um cenário desafiador. Sua família vivia "de salário em salário", sem qualquer margem para imprevistos. O momento que definiu sua bússola moral ocorreu na infância, quando seu pai, Fred, sofreu um grave acidente de trabalho.

Sem seguro de saúde ou proteção trabalhista, a família mergulhou em uma crise financeira. Howard observou, ainda criança, o orgulho de seu pai ser destruído pela falta de amparo.

Essa dor pessoal plantou a semente do que viria a ser a política de recursos humanos da Starbucks, baseada na dignidade. Contrariando as estatísticas, ele foi o primeiro da família a cursar uma faculdade, graças a uma bolsa de estudos atlética.

O encontro que mudou tudo

A vida de Schultz mudou de direção em 1981. Trabalhando na Hammarplast, ele notou um pedido incomum de cafeteiras vindo de uma pequena empresa em Seattle. A curiosidade o levou a viajar para conhecer a Starbucks Coffee Company, fundada por três amigos apaixonados por grãos de qualidade.

Ao entrar na loja, Schultz ficou fascinado. Naquela época, a Starbucks não servia bebidas prontas; era um templo dedicado à venda de grãos e equipamentos. Ele viu um potencial imenso ali e, após muita insistência, convenceu os fundadores a contratá-lo como diretor de marketing em 1982. Porém, a verdadeira revolução ainda estava por vir.

A epifania italiana

Durante uma viagem a Milão, em 1983, Schultz teve uma revelação que transformaria a indústria. Ele observou a rica cultura dos cafés italianos, onde os baristas conheciam os clientes pelo nome e o ato de tomar um espresso era um ritual social profundo.

Ele percebeu instantaneamente: “Isso é o que a Starbucks deveria ser!”. A visão era clara: o café não era apenas uma bebida, mas um ponto de encontro civilizatório. Ele voltou aos Estados Unidos determinado a replicar essa experiência de comunidade e conexão humana, algo inexistente na cultura americana da época, acostumada ao café rápido em copos de isopor.

Persistência contra 242 rejeições

Apesar de seu entusiasmo, os fundadores originais rejeitaram a ideia de servir bebidas prontas. A resposta foi dura: “Não. Essa Não É Nossa Visão.”. Eles temiam perder a identidade da marca. Diante disso, Schultz tomou a difícil decisão de sair da empresa para fundar sua própria cafeteria, a Il Giornale.

O caminho não foi fácil. Sem capital próprio, Schultz precisou levantar fundos e enfrentou um processo brutal. Ele ouviu "não" de 242 investidores que não acreditavam que americanos pagariam caro por café premium.

Contudo, sua persistência inabalável prevaleceu. Em 1987, o destino interveio: os fundadores da Starbucks decidiram vender a operação. Schultz levantou o capital necessário e fundiu as empresas, assumindo o controle do que se tornaria o gigante global que conhecemos hoje.

Construindo o terceiro lugar

Sob a liderança de Schultz, a Starbucks cresceu de forma meteórica. A estratégia central era criar o "terceiro lugar": um ambiente acolhedor com sofás confortáveis, aroma de café fresco e, eventualmente, Wi-Fi gratuito.

Além da expansão física, Schultz revolucionou o tratamento aos funcionários, a quem chamava de "parceiros". Inspirado pela memória de seu pai, a Starbucks foi pioneira ao oferecer seguro de saúde completo e opções de ações (Bean Stock) até para funcionários de meio período. Isso gerou um engajamento sem precedentes e uma taxa de rotatividade muito abaixo da média do setor.

O retorno do CEO e o legado

Após se afastar do cargo de CEO em 2000, Schultz viu a empresa perder o rumo e sua "alma" durante a crise financeira de 2008. Em um retorno dramático, ele reassumiu o comando para salvar a companhia.

Sua medida mais emblemática foi fechar simultaneamente todas as 7.100 lojas nos EUA por uma tarde para retreinar os baristas na arte do espresso, sinalizando que a qualidade e a experiência voltavam a ser a prioridade número um. A estratégia funcionou, e a empresa atingiu novos recordes de lucro e valorização.

Hoje, o legado de Howard Schultz vai além dos números impressionantes. Ele provou que é possível construir um império lucrativo mantendo valores autênticos e tratando as pessoas com dignidade. De um projeto habitacional no Brooklyn para o mundo, ele nos ensinou que, no final das contas, o negócio nunca foi apenas sobre café, mas sobre pessoas.