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Elis Freire
Publicado em 4 de junho de 2025 às 23:00
As mulheres são férteis até a menopausa? É verdade que alguns tratamentos oncológicos podem afetar a fertilidade? O uso de anticoncepcional por tempo prolongado prejudica a fertilidade feminina? Fumar prejudica a fertilidade? Quem faz tratamentos para engravidar sempre tem gêmeos? Quando o assunto é fertilidade, essas e muitas outras questões são comuns para uma grande parcela da população brasileira. De acordo com relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 17,5% da população adulta global tem problemas para ter filhos.
Caracterizada pela ausência de gravidez em um casal com vida sexual ativa e que não usa medidas anticonceptivas por um período de um ou mais anos, a infertilidade desperta muitas dúvidas e ainda é encarada como um tabu por boa parte dos homens.
“A informação é uma grande aliada das pessoas que querem ter filhos, os hábitos saudáveis contribuem para a saúde reprodutiva e é importante considerar as consultas de rotina com o ginecologista ou urologista e os exames anuais como forma de prevenção também”, esclarece o ginecologista Joaquim Lopes, fundador do Cenafert – Centro de Medicina Reprodutiva.
O médico destaca que a medicina reprodutiva ajuda não apenas casais que sofrem de infertilidade, mas também as mulheres e homens que desejam ter filhos de maneira independente, assim como os casais homoafetivos. “Com os avanços da sociedade, a reprodução assistida ganhou um papel fundamental para os novos modelos familiares”, afirma Joaquim Lopes.
Além disso, com as técnicas de criopreservação, é possível preservar a fertilidade para quem planeja ter filhos no futuro ou para quem vai se submeter a alguns tipos de tratamento oncológico que podem comprometer a fertilidade.
Segundo o profissional, mulheres que chegam aos 30 anos e sonham em ter filhos, mas precisam adiar a maternidade por motivos diversos, devem realizar um aconselhamento reprodutivo para prevenção de problemas de fertilidade. Isso é necessário já que a fertilidade declina ao longo dos anos.
“As mulheres têm conhecimento sobre o relógio biológico como fator importante da fertilidade, mas ainda precisa haver mais conscientização sobre a importância de preservar sua condição reprodutiva”, destaca o ginecologista..
O médico lembra que hoje muitas mulheres costumam buscar ajuda especializada para ter filhos numa idade mais avançada e já com a fertilidade comprometida, sem nunca terem avaliado sua condição reprodutiva antes. “Ao diagnosticar e tratar precocemente um fator de fertilidade, a mulher pode manter sua saúde reprodutiva e evitar problemas que exijam tratamentos mais complexos para ter filhos”, explica.
Joaquim explica que, além das consultas e exames de rotina para mulheres e homens, adotar alguns hábitos fazem a diferença para a saúde reprodutiva. Praticar atividade física regular, controlar o estresse e a ansiedade, dormir bem, ter uma alimentação equilibrada, manter uma vida sexual saudável com uma frequência média de três relações por semana, saber o período fértil da mulher, e evitar o consumo excessivo de bebidas alcoólicas são algumas das medidas que podem aumentar as chances de uma gravidez natural.
“Manter-se no peso adequado, não fumar e praticar sexo seguro também ajudam a condição reprodutiva”, destaca o médico. “A obesidade, o tabagismo e as Infecções Sexualmente Transmissíveis podem comprometer a fertilidade nos dois sexos”, ressalta.