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Elis Freire
Publicado em 17 de novembro de 2025 às 17:39
O músico Jards Macalé morreu nesta segunda-feira (17), no Rio de Janeiro, aos 82 anos de idade. A informação foi confirmada através de comunicado oficial publicado no Instagram do artista. Internado em um hospital na Barra da Tijuca, ele tratava de um enfisema pulmonar e havia passado por uma cirurgia logo antes de ir à óbito. Ainda não há informações sobre a data e horário do funeral.>
"Jards Macalé nos deixou hoje. Chegou a acordar de uma cirurgia cantando 'Meu Nome é Gal', com toda a energia e bom humor que sempre teve. Cante, cante, cante. É assim que sempre lembraremos do nosso mestre, professor e farol de liberdade. Agradecemos, desde já, o carinho, o amor e a admiração de todos. Em breve informaremos detalhes sobre o funeral, informou nota que finalizou com uma de suas citações: “Nessa soma de todas as coisas, o que sobra é a arte. Eu não quero mais ser moderno, quero ser eterno". >
Jards Macalé
Jards Anet da Silva nasceu no Rio em 1943. Nos anos 60, ele teve sua primeira composição gravada por Elizeth Cardoso. Já em 1972, ele lançou seu álbum de estreia, Jards Macalé, misturando rock, samba, jazz, blues, baião e outros ritmos. Sua canção mais conhecida é "Vapor Barato", imortalizados também nas vozes de Gal Costa e Maria Bethânia. Com uma postura nada convencional, sempre questionador e vanguardista, o músico ficou conhecido como o "anjo torto" da MPB.>
A trajetória de Jards foi marcada por muita liberdade e experimentação, o que aproximou o músico de outros nomes da MPB como o saudoso Luiz Melodia. Explorando tudo que a música pode oferecer, o carioca foi formado pela música erudita e partir dela alçou grandes voos com muito hibridismo e genialidade. >
Ao longo de 60 anos de carreira, o compositor fez de tudo um pouco. Dirigiu Maria Bethânia e Gal Costa. Foi parceiro de Waly Salomão, Vinicius de Moraes e José Carlos Capinam e até produziu "Transa" (1972), obra-prima do período de Caetano Veloso no exílio, em Londres.>
Considerado um dos artistas mais inventivos da MPB, Macalé marcou o país ao se apresentar no Festival Internacional da Canção, em 1969, com "Gotham City", parceria com Capinam. Um símbolo da contracultura do diálogo entre diferentes formas de arte, ele levou sua obra da o cinema e ao Teatro, ao lado de nomes como Nelson Pereira dos Santos e Glauber Rocha.>