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Fernanda Varela
Publicado em 22 de dezembro de 2025 às 17:17
Uma fala exibida em rede nacional colocou Padre Marcelo Rossi no centro de uma polêmica que atravessou o fim dos anos 1990 e ainda hoje é lembrada. À época no auge da popularidade, o religioso foi acusado de ter feito declarações discriminatórias contra homossexuais durante uma reportagem do Fantástico, da Globo, acusação que ele sempre negou publicamente.>
Marcelo Rossi
Após a repercussão, Padre Marcelo se defendeu de forma direta. “Pelo amor de Deus, eu nunca diria que a homossexualidade é uma doença. Não sou médico, sou padre”, afirmou em entrevista concedida em novembro daquele ano. Segundo o religioso, sua fala foi retirada de contexto e interpretada de maneira equivocada.>
A controvérsia ganhou força depois que representantes do Grupo de Ação pela Cidadania Homossexual afirmaram que o padre teria dito que “homossexualismo é uma doença”. A acusação levou o Ministério Público de São Paulo a instaurar um inquérito para apurar supostas declarações discriminatórias exibidas no programa da Globo.>
Em resposta, Padre Marcelo apresentou a gravação original da entrevista. Na fita, segundo ele, a frase dita foi: “se um dia for provado que homossexualismo é doença, serão mudados muitos pensamentos”. A defesa sustentou que a colocação foi hipotética e não uma afirmação pessoal do religioso.>
Dias antes da exibição do Fantástico, o padre já havia abordado o tema em outro programa de televisão. Na ocasião, declarou: “Ninguém provou que o homossexualismo é uma doença. É um estado de vida”. Essa fala também foi usada como base para críticas e questionamentos de movimentos sociais.>
Mesmo aguardado para prestar esclarecimentos no Ministério Público no fim daquele ano, Padre Marcelo não compareceu. O então advogado do religioso informou que o processo estava “sub judice”, após recurso apresentado ao Conselho Superior do Ministério Público para suspender o inquérito civil.>
O caso ainda provocou reflexos na própria Globo. O promotor responsável chegou a avaliar a convocação do então diretor do Fantástico para esclarecer se o programa adotava orientações internas para evitar a veiculação de mensagens consideradas discriminatórias, destacando a responsabilidade social da televisão.>
Apesar da forte repercussão, Padre Marcelo manteve ao longo dos anos a versão de que nunca classificou a homossexualidade como doença e que suas declarações foram distorcidas. A polêmica marcou um dos momentos mais delicados de sua relação com a mídia em meio à intensa exposição pública daquele período.>