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Fernanda Varela
Publicado em 5 de outubro de 2025 às 14:00
O procedimento estético conhecido como “Fox Eyes”, ou “olhos de raposa”, tem atraído atenção por prometer um olhar mais alongado e levantado. A técnica consiste na inserção de fios de polidioxanona (PDO) sob a pele, próximos à região dos olhos, com o objetivo de tracionar o tecido e criar um efeito de elevação. Embora seja considerada minimamente invasiva, a intervenção pode causar complicações graves, como infecção, necrose e assimetria facial.>
Júnior Dutra
O influenciador Junior Dutra, de 31 anos, morreu após complicações relacionadas ao procedimento. Ele realizou o “Fox Eyes” em março e, desde então, enfrentava problemas de saúde causados por uma infecção. Dutra chegou a processar o dentista responsável, acusado de se passar por médico para executar a técnica.>
De acordo com a Cleveland Clinic, o “Fox Eyes” deve ser feito apenas por médicos especialistas em estética facial, como dermatologistas ou cirurgiões plásticos. O procedimento envolve o uso de agulhas ou cânulas para posicionar os fios de sustentação sob a pele. Esses fios possuem pequenas garras que se fixam ao tecido, permitindo o efeito de tração. O resultado é visível logo após a aplicação e dura, em média, de seis meses a um ano, até que o material seja absorvido pelo corpo.>
Estudos publicados pelo National Center for Biotechnology Information (NCBI) e pela Aesthetic Surgery Journal apontam que até um terço dos pacientes pode apresentar algum tipo de complicação. Entre os efeitos adversos mais comuns estão inchaço, dor, irregularidades na pele, deslocamento dos fios e infecções. Em situações mais graves, a má execução do procedimento pode causar danos aos nervos faciais e infecção sistêmica.>
Entidades médicas, como o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), reforçam que o uso de fios de sustentação é um ato médico e que sua realização por dentistas, esteticistas ou outros profissionais não habilitados configura exercício ilegal da medicina. O caso de Junior Dutra reacende o alerta sobre a falta de fiscalização e a banalização de intervenções estéticas que, embora pareçam simples, podem colocar vidas em risco.>