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Elis Freire
Publicado em 24 de outubro de 2025 às 19:56
A nova novela das 21h da TV Globo, Três Graças, que estreou no último dia 20, colocou luz em uma doença pouco conhecida que afeta a vida de pessoas mundo afora: a Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP). Na trama, a personagem de Dira Paes, Lígia, vive com a doença. Diferente da hipertensão "comum", a HAP é uma condição rara, progressiva e grave que compromete os vasos sanguíneos dos pulmões e sobrecarrega o coração. >
Em entrevista ao CORREIO, a doutora Márcia Datz Abadi, diretora médica da MSD Brasil, começou reforçando justamente a diferença entre estas duas condições. “Apesar dos nomes parecidos, são doenças bem diferentes. A hipertensão arterial sistêmica, conhecida como ‘pressão alta’ ou ‘hipertensão’, é quando a pressão nas artérias do corpo está acima do normal — geralmente acima de 120/80 mmHg. Ela é bastante comum e pode ser causada por fatores como alimentação rica em sal, sedentarismo, estresse e genética. [...] Já a Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP) é uma doença rara e mais grave, que afeta as artérias dos pulmões", explicou. >
Três Graças: Lígia, Gerluce e Joélly
A especialista detalhou que os sintomas incluem falta de ar, cansaço, dor no peito e palpitações; sinais muitas vezes confundidos com outras doenças respiratórias ou cardíacas. “Esses sintomas são comuns em várias outras condições, como asma, problemas cardíacos ou até mesmo sedentarismo, o que pode confundir tanto os pacientes quanto os médicos. [...] É comum que o diagnóstico leve tempo, em média, cerca de dois anos", destacou a doutora. >
Por se tratar de uma doença rara, a HAP exige uma investigação detalhada. “O caminho até o diagnóstico exige uma série de exames para descartar outras doenças e confirmar a HAP. [...] Quanto mais cedo a HAP for identificada, maiores são as chances de melhorar a qualidade de vida do paciente", afirmou Márcia. >
Entre os principais exames estão o ecocardiograma, o cateterismo cardíaco direito, o teste de função pulmonar, o teste da caminhada de 6 minutos e exames de sangue, como o BNP, que avalia o estresse do coração.>
Ainda sem uma explicação definitiva, a medicina aponta alguns fatores hormonais e genéticos para o fato de que a doença afeta mais mulheres do que homens. 70% a 80% dos casos de HAPsão diagnosticados em mulheres. “Uma delas é a influência do estrogênio, o principal hormônio feminino. Ele pode estar ligado ao desenvolvimento da doença, funcionando como um fator de risco", destacou a especialista.>
Além disso, a diretora do MSD Brasil ressaltou que doenças autoimunes como lúpus e esclerodermia, mais frequentes em mulheres, podem contribuir para o surgimento da HAP. O alerta é claro: mulheres com histórico familiar ou doenças autoimunes devem ficar atentas aos sintomas.>
Para a médica, a presença de uma personagem com HAP em uma novela de grande audiência é um marco na conscientização sobre a doença. “Ter uma personagem em uma novela que vive com Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP) pode fazer uma grande diferença. [...] Essa representação ajuda a gerar empatia, mostrando que por trás do diagnóstico existe uma pessoa com sentimentos, sonhos e relações", detalhou. >
A doutora expôs ainda que esse tipo de visibilidade pode incentivar o diagnóstico precoce, já que muitas pessoas podem se identificar com os sintomas retratados na ficção: "Esse tipo de visibilidade pode incentivar pessoas que têm sintomas parecidos a buscar ajuda médica, contribuindo para diagnósticos mais rápidos e tratamentos mais eficazes". >
Embora não tenha cura, a doutora garantiu que a HAP pode ser controlada com tratamento contínuo e acompanhamento especializado. “A Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP) é uma doença rara e crônica, ou seja, não tem cura. Mas pode ser controlada com acompanhamento médico e tratamento adequado. [...] É justamente nesse ponto que entra uma das novidades mais promissoras: o Sotatercepte, um medicamento biológico recém-chegado ao Brasil”, contou.>
O Sotatercepte, segundo a especialista, atua diretamente nas células, ajudando a frear o seu crescimento anormal e a melhorar a circulação, aliviando a sobrecarga no coração “Na prática, isso significa que os pacientes podem ter mais disposição para viver, realizar atividades do dia a dia com mais facilidade e reduzir o risco de piora clínica. É um avanço importante que traz mais qualidade de vida e esperança para quem convive com a HAP", concluiu. >