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Agência Correio
Publicado em 29 de outubro de 2025 às 15:00
O racismo está presente em diversos contextos, inclusive na falta de preparo dos profissionais de dermatologia para lidar com a pele negra. Isso faz com que muitas pessoas com a tonalidade de pele mais escura cometam erros, que levam as manchas a piorarem. >
Thales de Oliveira Rios é médico e contou para o portal CNN que sofria com acne e oleosidade da pele desde a adolescência e nunca obteve resultados satisfatórios com a dermatologia convencional. Mas foi quando visitou uma clínica com atenção à pele negra, o resultado foi outro.>
Tons de bases para pele negra
“Com o tratamento voltado para o meu tipo de pele, os produtos adequados para clarear, o protetor solar certo, em três, quatro meses ficou tudo diferente. Melhorou bastante”, declarou. Entenda melhor como a dermatologia está se focando em criar tratamentos para a pele negra.>
O erro mais comum que pessoas pretas cometem ao adotar um tratamento ou uma nova rotina de cuidado com a pele é utilizar produtos pensados para a pele branca. Mas a culpa não é individual, já que produtos para pele negra são raros no mercado. >
Além disso, boa parte dos dermatologistas não possuem formação e conhecimento para entender as nuances de cada tonalidade de pele e recomendar o tratamento certo para pessoas negras.>
É o que afirma Cauê Cedar, chefe do Ambulatório de Pele Negra do Hospital Universitário Pedro Ernesto.>
“Os materiais que educam os médicos são majoritariamente feitos com pessoas de pele clara. Então, muitos médicos não têm um treinamento específico para identificar como as condições podem se apresentar na pele negra”. >
A pele negra possui maior tendência a fazer manchas e criar queloides, afirma o profissional. Além disso, cabelos cacheados e crespos também precisam de um cuidado especial, que muitas vezes não são ensinados nas faculdades.>
Em 2025, pela primeira vez, o Congresso da Sociedade Brasileira de Dermatologia realizou uma atividade voltada exclusivamente para a pele negra. Além disso, o Sociedade Brasileira de Dermatologia criou um departamento de Pele Étnica em sua regional no Rio de Janeiro. >
Regina Schechtman, presidente da regional, conta que “estava mais do que na hora”. “A dermatoscopia, por exemplo, que é o exame mais básico que a gente faz, é totalmente diferente em cada tom de pele, e os médicos precisam saber interpretar”, conta a profissional.>
O mercado de produtos dermatológicos também se adapta. Protetores solares, por exemplo, eram sempre pensados para a pele branca. Em tonalidades mais escuras, causam um aspecto acinzentado desagradável, o que reduzia a adesão diária pela população preta e parda.>
Isso tornava a população mais vulnerável a problemas causados pela exposição a raios ultravioleta, mas marcas começaram a voltar sua atenção para o desenvolvimento de produtos específicos para a pele negra.>
O racismo deve ser combatido em todas as instâncias da vida diária, inclusive dentro da medicina dermatológica. A população brasileira é majoritariamente preta, e já passou da hora de abandonar a dermatologia só para brancos.>