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Por que o trauma não passa sozinho e como lidar com o Transtorno de Estresse Pós-Traumático

O estresse pós-traumático desaparece sozinho? Descubra a diferença entre TEPT agudo e crônico, o papel da Terapia Cognitivo-Comportamental e a importância do suporte clínico

  • Foto do(a) author(a) Agência Correio
  • Agência Correio

Publicado em 4 de dezembro de 2025 às 14:00

A característica fundamental desta patologia é o desenvolvimento de um conjunto complexo e persistente de sintomas após a exposição a um evento traumático que envolveu morte real, ameaça de morte, lesão grave ou violência sexual
A característica fundamental desta patologia é o desenvolvimento de um conjunto complexo e persistente de sintomas após a exposição a um evento traumático que envolveu morte real, ameaça de morte, lesão grave ou violência sexual Crédito: Freepik

O Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) é uma condição psiquiátrica debilitante classificada pelo DSM-5-TR entre os Transtornos Relacionados ao Trauma e a Estressores.

A característica fundamental desta patologia é o desenvolvimento de um conjunto complexo e persistente de sintomas após a exposição a um evento traumático que envolveu morte real, ameaça de morte, lesão grave ou violência sexual.

Ao contrário do senso comum, o "trauma" não se limita a cenários de guerra. Um evento traumático é definido subjetivamente pela situação em que o indivíduo sentiu sua vida ou a de outrem em risco extremo, acompanhada por horror e impotência.

[Edicase]A depressão infantil pode interferir nos estudos e nos relacionamentos das crianças (Imagem: Iren_Geo | Shutterstock) por Imagem: Iren_Geo | Shutterstock

Exemplos frequentes incluem acidentes graves, violência física, abuso sexual ou diagnóstico de doenças com risco à vida. O fator patogênico central é a quebra da sensação de segurança no mundo.

Sintomas do TEPT: os quatro domínios clínicos

Para o diagnóstico clínico, os sintomas devem persistir por mais de um mês e causar prejuízo significativo no funcionamento social ou ocupacional. O DSM-5-TR divide as manifestações em quatro clusters principais:

Intrusão (revivência)

O paciente sente o passado invadindo o presente de forma incontrolável. A memória traumática não é integrada ao passado, sendo revivida como se ocorresse agora.

  • Pesadelos recorrentes: sonhos vívidos relacionados ao evento.
  • Memórias Intrusivas: imagens ou sons do trauma que surgem involuntariamente.
  • Flashbacks: perda de contato com a realidade, agindo ou sentindo como se o evento estivesse se repetindo.
  • Reatividade: sofrimento intenso e reações físicas (sudorese, taquicardia) diante de gatilhos.

Evitação (Esquiva)

Compreende esforços para fugir de qualquer estímulo que reative a memória traumática. Embora seja um mecanismo protetor, a evitação impede a habituação e torna a condição crônica. Inclui evitar locais, pessoas ou conversas (evitação externa) e bloquear pensamentos ou sentimentos (evitação interna).

Alterações cognitivas e de humor

Surgem crenças negativas distorcidas sobre si mesmo ou o mundo, como "eu sou culpado" ou "o mundo é perigoso". O paciente pode apresentar amnésia dissociativa, incapacidade de sentir emoções positivas (anedonia) e sentimentos persistentes de culpa, horror ou vergonha.

Alterações na excitação (hipervigilância)

O trauma instala um estado de alerta fisiológico crônico. Os sintomas incluem irritabilidade, explosões de raiva, insônia, comportamento autodestrutivo, problemas de concentração e resposta de sobressalto exagerada.

Duração e prognóstico: o TEPT tem cura?

A duração do transtorno é variável e a "cura" depende de intervenção ativa. Sem tratamento, o curso tende a ser crônico. O sistema diagnóstico classifica a condição conforme a persistência dos sintomas:

  • Transtorno de Estresse Agudo (TEA): sintomas duram entre 3 dias e 1 mês após o evento. Exige intervenção rápida para não evoluir para TEPT.
  • TEPT Agudo: sintomas persistem por mais de 1 mês, mas menos de 3 meses. Há alta probabilidade de remissão com intervenção.
  • TEPT Crônico: duração igual ou superior a 3 meses. Indica maior risco de percurso prolongado e sequelas funcionais.

Estudos indicam que o TEPT Crônico dificilmente desaparece completamente sem tratamento especializado. Mesmo que a intensidade diminua, sintomas residuais de evitação e hipervigilância costumam persistir, prejudicando a vida do paciente.

Tratamentos especializados e intervenções

O tratamento é a variável que determina o encurtamento da doença e a possibilidade de remissão. As abordagens mais eficazes combinam psicoterapia e, quando necessário, medicação.

Psicoterapia focada no trauma

  • Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): considerada o padrão-ouro, utiliza a Terapia de Exposição para quebrar o ciclo de evitação e permitir a habituação emocional.
  • EMDR (Dessensibilização e Reprocessamento por Movimentos Oculares): foca no reprocessamento da memória traumática através de estimulação bilateral. Estudos sugerem resultados equiparáveis ou superiores à TCC em certas populações.

Farmacoterapia

O uso de medicamentos visa tratar sintomas incapacitantes e comorbidades (como depressão e ansiedade), otimizando a resposta à psicoterapia. Os Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina (ISRS), como Paroxetina e Sertralina, são a primeira linha de tratamento. É necessário aguardar várias semanas para a estabilização clínica e eficácia plena da medicação.

A remissão completa do TEPT não deve ser esperada passivamente. Ela é um resultado alcançado através de intervenções terapêuticas que visam o reprocessamento da memória e a reintegração da sensação de segurança.