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Fernanda Varela
Publicado em 8 de agosto de 2025 às 15:00
A médica Roberta Saretta, coordenadora da equipe do cardiologista Roberto Kalil no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, falou pela primeira vez sobre os últimos minutos de vida de Preta Gil. A cantora morreu em 20 de julho, em Nova York, vítima de câncer colorretal.>
Preta Gil morreu vítima de câncer colorretal
Roberta acompanhou Preta desde o início do tratamento e estava ao lado da artista quando ela faleceu. Segundo a médica, a decisão de trazer Preta de volta ao Brasil foi tomada após uma piora no quadro de saúde da cantora.>
“Quando a ambulância chegou para levá-la ao aeroporto e os paramédicos mediram as taxas, ela estava estável, com índices normais, pressão, eletro, tudo. Ela queria, com todas as forças, chegar no Brasil. Durante o trajeto de 1 hora e 20 minutos até o avião, fiquei de frente para ela, repetindo que a levaria para casa”, contou Roberta em entrevista ao jornal O Globo.>
A cantora fez todo o percurso acordada, mas ao chegar ao aeroporto passou mal, vomitou e disse que não conseguiria continuar a viagem. “Perguntei: ‘Preta, você dá conta de viajar? Segura mais um pouco?’. E ouvi a resposta: ‘Não dou conta’”, relatou a médica.>
Preta Gil
Com a negativa, Roberta pediu que os paramédicos a levassem ao hospital mais próximo. “Chegamos em oito minutos. Quiseram reanimá-la, poucos minutos depois ela se foi.”>
Tratamento e decisão de voltar ao Brasil>
O protocolo experimental que Preta fazia nos Estados Unidos era uma terapia-alvo, uma quimioterapia intravenosa que atuava contra uma mutação específica do câncer. “Mas o câncer da Preta tinha mais de uma mutação”, explicou a médica.>
Após quatro sessões, Preta teve uma infecção e precisou interromper o tratamento por cerca de 10 dias. Quando voltou, fez mais uma sessão, mas os rins já estavam comprometidos e a doença havia progredido, levando à interrupção definitiva do tratamento.>
Dois dias depois de receber a notícia sobre a falta de efeito do tratamento, Roberta visitou Preta em sua casa em Nova York, acompanhada por Flora Gil, madrasta da cantora.>
“Quando me aproximei, ela arregalou aqueles olhos grandes e lindos, e eu disse: ‘Vamos para casa’. Organizamos o retorno para o dia seguinte. Eu voltaria com ela em um avião UTI, que sairia do aeroporto de Long Island. Flora e os demais familiares viriam em voo comercial pelo JFK”, lembrou.>
Celebração da vida e despedida>
A liberação para o traslado do corpo ao Brasil levou alguns dias. Durante esse período, amigos e familiares reunidos em Nova York celebraram a vida da cantora de forma simbólica e afetiva.>
“Comemos hambúrguer, tomamos Coca-Cola com açúcar. Fomos ao último restaurante onde ela esteve com Flora. Comemos o prato favorito dela, macarrão com lagosta, e brindamos com uma taça de champanhe. Ela esteve ali 15 dias antes de partir. Isso resume quem foi a Preta: viveu cada segundo com intensidade. É muito difícil ter essa disponibilidade emocional diante da terminalidade, mas ela teve até o fim. Preta lutou pela vida com muito amor até seus últimos instantes”, concluiu Roberta Saretta.>