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Agência Correio
Publicado em 31 de outubro de 2025 às 17:00
Se o cheiro de suor, urina ou outros odores corporais te incomoda a ponto de causar enjoo, talvez suas opiniões políticas estejam mais à direita do espectro. É o que mostra uma pesquisa conduzida por cientistas da Universidade de Estocolmo e do Colégio Sueco de Estudos Avançados. >
O estudo aponta que o sentimento de repulsa pode estar ligado a mecanismos sociais e biológicos de defesa. Essa aversão, segundo os autores, teria raízes primitivas em uma necessidade de evitar doenças e ambientes desconhecidos.>
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“Nós acreditamos que atitudes autoritárias podem, pelo menos em parte, estar ligadas à biologia”, explicou Jonas Olofsson, coautor do estudo, em entrevista ao jornal norte-americano The Guardian.>
A equipe de Olofsson partiu de pesquisas anteriores que mostravam: pessoas mais conservadoras tendem a sentir mais nojo diante de imagens consideradas repugnantes. Com base nisso, os cientistas resolveram investigar se essa mesma tendência se aplicava aos cheiros.>
Eles descobriram que sim — o olfato pode ter um papel importante na formação das nossas percepções sociais. “Achamos que o olfato pode estar na raiz do sistema de detecção de patógenos”, disse o pesquisador. Assim, sentir repulsa a odores corporais poderia ser uma forma primitiva de reconhecer possíveis ameaças à saúde.>
Para testar a hipótese, os participantes responderam questionários sobre suas preferências políticas e seu nível de nojo em diferentes situações. Entre elas, “sentar ao lado de alguém com manchas vermelhas no braço” ou “perceber que os pés de um amigo têm um cheiro forte”.>
Além das perguntas sobre nojo, o questionário também avaliava o quanto os voluntários concordavam com frases associadas ao autoritarismo de direita. Uma delas dizia: “Nosso país precisa de um líder poderoso para destruir as correntes radicais e imorais que prevalecem na sociedade hoje”.>
Os resultados mostraram uma correlação entre maior sensibilidade a odores corporais e posições políticas mais conservadoras. Para os pesquisadores, isso indica que o sentimento de repulsa pode estar relacionado a uma forma inconsciente de categorização social.>
Apesar disso, Olofsson faz um alerta: “Apesar de o nojo ser uma emoção primitiva que está enraizada na nossa sobrevivência biológica, ele ainda pode ser alterado”, afirmou.>
A pesquisa reforça como nossas emoções mais básicas ainda influenciam comportamentos complexos, como posicionamentos políticos. O olfato, um dos sentidos mais antigos, pode ajudar a entender por que certas pessoas reagem com mais intensidade a situações sociais específicas.>
Essa descoberta abre caminho para novas investigações sobre como as emoções moldam o pensamento político e as relações sociais. Afinal, se até o cheiro pode interferir na forma como enxergamos o mundo, o que mais o nosso corpo pode revelar sobre nossas escolhas?>