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Ana Beatriz Sousa
Publicado em 8 de agosto de 2025 às 19:30
Poucos sambas conseguiram unir tanto a cultura popular e a dramaturgia brasileira quanto “Meu Lugar”, de Arlindo Cruz. Em 2012, o hit ganhou uma nova roupagem especialmente para Avenida Brasil, novela de João Emanuel Carneiro que se tornou fenômeno na TV. A regravação embalou as cenas no fictício bairro do Divino e ficou gravada na memória dos noveleiros. >
Logo no primeiro capítulo, enquanto as câmeras mostravam o cotidiano alegre do subúrbio carioca, a voz marcante de Arlindo Cruz surgia como pano de fundo. O sambista não escondeu o orgulho de ver sua obra abrindo a trama.>
“É uma música que foi um divisor de águas na minha vida e casou totalmente com a história, por falar da espiritualidade do povo carioca. Minha mulher chorou, todo mundo aqui em casa ficou muito emocionado”, contou na época.>
Nascido em Piedade, no subúrbio do Rio, Arlindo ganhou seu primeiro cavaquinho aos seis anos. Estudou teoria musical e, ainda adolescente, conciliou a vida na Escola Preparatória de Cadetes do Ar, em Minas Gerais, com a paixão pela música. Ao voltar para o Rio, mergulhou no samba com mestres como Jorge Aragão, Beth Carvalho e Zeca Pagodinho.>
Arlindo Cruz
Na década de 1980, assumiu o lugar de Jorge Aragão no grupo Fundo de Quintal, ajudando a renovar o gênero. Mais tarde, partiu para a carreira solo e se consolidou como um dos grandes nomes do samba brasileiro, com sucessos eternizados tanto na sua voz quanto na de outros intérpretes.>
Além de “Meu Lugar” e tantos outros clássicos, Arlindo também escreveu sambas-enredos para escolas como Império Serrano e Vila Isabel. Seu álbum Sambista Perfeito (2007) reuniu alguns de seus maiores hits e solidificou sua importância na música.>
Arlindo Cruz morreu nesta sexta-feira (08), aos 66 anos, no Rio de Janeiro, após enfrentar complicações decorrentes de um AVC hemorrágico sofrido em 2017. O sambista deixa um legado que atravessa gerações e um lugar eterno na memória dos fãs de samba e novela.>