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Sem nome, sem idade, sem passado: idosa escolhe nova identidade e aniversário aos (quase) 70 anos

Sem documentos, sem idade e sem histórico familiar, mulher de Caucaia finalmente conquista cidadania e pode ser atendida pelo SUS

  • Foto do(a) author(a) Agência Correio
  • Agência Correio

Publicado em 5 de dezembro de 2025 às 07:00

Idosa cearense passou quase toda a vida sem saber o próprio nome
Idosa cearense passou quase toda a vida sem saber o próprio nome Crédito: Divulgação/Defensoria Pública do Ceará

Depois de viver quase sete décadas invisível ao sistema público, uma idosa cearense conseguiu, pela primeira vez, um documento oficial com nome, data de nascimento e identidade reconhecida. O registro foi essencial para que ela pudesse acessar atendimento médico e outros direitos básicos.

O caso, acompanhado pela Defensoria Pública do Ceará, revela uma realidade ainda presente no Brasil: pessoas que nunca foram registradas ao nascer e vivem à margem dos serviços essenciais do Estado.

Carteira de Identidade Nacional por Divulgação

Uma vida inteira sem nome e sem idade

Por cerca de 70 anos, a idosa viveu sem saber exatamente quem era nos registros oficiais. Sem certidão de nascimento, sem RG e sem qualquer documento, ela não tinha como comprovar sua existência formalmente, o que a impedia de acessar serviços básicos, como consultas médicas na rede pública.

Moradora de Caucaia, ela também não sabia informar a data de nascimento nem a identidade dos pais. Ao longo da vida, sobreviveu sem acompanhamento médico regular, sem benefícios sociais e sem qualquer proteção legal assegurada pela documentação civil.

A ausência de registro não era apenas um detalhe burocrático, mas uma barreira concreta para a cidadania. Sem documentos, ela não conseguia sequer ser incluída em programas assistenciais ou realizar exames de saúde, vivendo à margem das políticas públicas.

O resgate da identidade com apoio da Defensoria

A situação chegou ao conhecimento da Defensoria Pública, que iniciou um processo judicial para garantir o registro civil tardio da idosa. Foram reunidos relatos, avaliações e documentos indiretos que pudessem ajudar a estimar sua idade e construir sua identidade legal.

Como não havia nenhuma certidão antiga, o ano de nascimento precisou ser estimado. Já o nome e a data de aniversário foram escolhidos pela própria idosa, que decidiu se chamar Maria Imaculada da Conceição, um gesto simbólico de retomada da própria história.

O processo revela o papel essencial da Defensoria em situações extremas de exclusão civil. A instituição atua justamente para garantir que pessoas sem condições financeiras consigam acessar direitos fundamentais que, muitas vezes, parecem automáticos para a maioria da população.

Documento em mãos, novos direitos pela frente

Com a certidão de nascimento finalmente emitida, a idosa agora pode tirar RG, CPF e cartão do SUS. Isso abre as portas para consultas médicas, exames, tratamento de saúde regular e também para benefícios sociais, como aposentadoria e assistência social.

Mais do que um papel, o documento representa o reconhecimento oficial de sua existência. Pela primeira vez, ela passa a ser vista pelo Estado como cidadã, com nome, idade e direitos garantidos por lei.

O caso também acende um alerta sobre milhares de brasileiros que ainda vivem sem registro civil, especialmente em regiões mais vulneráveis. Histórias como essa mostram que, mesmo tardiamente, é possível resgatar a dignidade e a identidade de quem passou a vida inteira invisível.