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Agência Correio
Publicado em 20 de agosto de 2025 às 05:45
No início de 2021, uma jovem de 21 anos, residente no sudeste de Nova Gales do Sul, Austrália, começou a sentir dores abdominais, diarreia, febre, tosse e dificuldade para respirar. >
Ao procurar atendimento no Hospital de Canberra, recebeu a hipótese de que seus sintomas eram causados pela migração de larvas de nematoides do intestino para órgãos como fígado e pulmões.>
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Na ocasião, exames não detectaram a presença de parasitas. No entanto, em 2022, a mesma paciente – que optou por permanecer anônima – desenvolveu lapsos de memória, confusão mental e depressão. Uma ressonância magnética então revelou uma "anomalia cerebral" incomum.>
A tal anomalia era, na verdade, um verme vivo de oito centímetros de comprimento alojado em seu cérebro.>
O Hospital de Canberra e pesquisadores da Universidade Nacional Australiana (ANU) confirmaram que se tratava do primeiro caso humano documentado de Ophidascaris robertsi – o parasita encontrado na paciente.>
Pítons-tapete são os hospedeiros naturais desse verme. "Este é também o primeiro registro conhecido de infestação cerebral por essa espécie em qualquer mamífero, humano ou não", destacou o professor Sanjaya Senanayake, especialista em doenças infecciosas da ANU e coautor do estudo.>
A investigação sugere que a mulher contraiu o parasita ao manipular ou consumir verduras Warrigal, uma planta nativa. O verme habita o trato digestivo de pítons, que eliminam seus ovos nas fezes.>
Acredita-se que fezes de píton contaminaram a área onde a paciente colheu as folhas, próximas a um lago. "Ela pode ter sido infectada pelo contato direto com a vegetação ou ao ingerir as verduras mal lavadas", concluíram os pesquisadores.>
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"Nos últimos 30 anos, surgiram cerca de 30 novas infecções. Dessas, 75% são zoonoses, como os coronavírus", explicou Senanayake.>