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Agência Correio
Publicado em 30 de julho de 2025 às 08:30
A menor cobra do mundo, conhecida como Tetracheilostoma carlae, foi encontrada novamente em Barbados após quase vinte anos sem registros. Considerada extinta por alguns pesquisadores, a espécie foi localizada em uma floresta preservada durante uma missão científica realizada em março de 2025. >
Tetracheilostoma carlae é a menor cobra do mundo
A ação foi conduzida por uma equipe de biólogos locais em parceria com a organização ambiental Re:wild, que se dedica à busca por espécies raras e desaparecidas. >
Com menos de 10 centímetros e corpo semelhante a um espaguete fino, a pequena cobra vive enterrada no solo, o que dificulta sua observação. >
O exemplar foi descoberto sob uma pedra, em um dos poucos fragmentos de floresta nativa da ilha. Após exames detalhados, os cientistas confirmaram tratar-se da mesma espécie descrita pela primeira vez em 2008, com base em características como escamas nasais únicas, olhos laterais e faixas sutis de cor no dorso.>
A equipe responsável enfrentou longos dias de campo, com buscas em terrenos acidentados e vegetação densa. A missão exigiu paciência e preparo técnico para identificar sinais de vida em meio ao ambiente subterrâneo. O momento da descoberta foi celebrado por todos como uma conquista científica e ambiental de grande importância.>
Depois de ser capturada com todo o cuidado necessário, a cobra foi enviada a um laboratório para verificação. Os exames confirmaram sua identidade e descartaram a possibilidade de ser confundida com outras espécies similares, como a cobra-cega-braminus, que habita algumas regiões do Caribe.>
A biologia da Tetracheilostoma carlae é pouco conhecida, mas sabe-se que ela vive quase toda sua vida sob o solo. Ela não enxerga, mas usa o tato e o olfato para se orientar e localizar presas como cupins e larvas. Por isso, é essencial que o ambiente em que vive esteja estável e protegido contra impactos externos.>
Sua reprodução também é limitada: cada fêmea coloca apenas um ovo por ciclo. Esse fator reduz significativamente a taxa de crescimento populacional, tornando a espécie ainda mais vulnerável diante de pressões ambientais como desmatamento e poluição do solo.>
A ilha de Barbados já perdeu quase toda sua cobertura vegetal nativa, restando apenas trechos isolados como o que abrigava a cobra. Esses fragmentos, embora importantes, não são suficientes para manter populações saudáveis de espécies raras, especialmente aquelas tão sensíveis como a Tetracheilostoma carlae.>
A degradação contínua coloca em risco definitivo a biodiversidade local. Sem ações de conservação que garantam a integridade dessas áreas, os pequenos animais endêmicos desaparecerão, muitas vezes sem sequer terem sido totalmente estudados ou compreendidos.>
A reaparição da menor cobra do mundo não é apenas uma curiosidade científica: é uma oportunidade concreta de mudar a forma como se encara a conservação da biodiversidade. Ela representa um lembrete de que ainda há tempo para agir, mas esse tempo é curto.>
Preservar o pouco que resta da natureza em Barbados, apoiar projetos de pesquisa e promover a educação ambiental são medidas fundamentais para que casos como esse deixem de ser exceções e passem a representar uma nova política ambiental mais efetiva e abrangente.>