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Gilberto Barbosa
Publicado em 10 de setembro de 2025 às 06:00
Aos 79 anos, Mário Kertész é uma figura muito conhecida pelos soteropolitanos. Além de ex-prefeito da capital baiana por duas ocasiões, Mário possui uma carreira longeva na comunicação, atuando há mais de três décadas como radialista. Essas são algumas das passagens contadas na sua autobiografia Riso - Choro (E Tudo Mais Que Vem no Meio) (Edufba | R$ 70), lançada nesta quarta-feira (10), às 17h, na Livraria LDM do Bela Vista. >
Ao longo de 360 páginas, o autor mergulha nas suas memórias afetivas e familiares, além de relatar a sua trajetória na política e no jornalismo. Ele conta que o livro começou a ser escrito há mais de uma década, inicialmente como um registro para seus filhos e netos. >
“Antes eu gravava, transcrevia e ia consertando com o tempo, mas, há cerca de dois anos, decidi transformar em um livro. É uma obra que tem fotos, depoimentos de momentos bons e ruins, acertos e erros. É um balanço agradecido à vida por ter me permitido viver por tanto tempo e ter recebido muito mais do que eu mereci. Tudo isso feito da forma mais honesta possível”, diz Mário. >
Falando sobre política, Na publicação também abre espaço para os bastidores do poder. Kertész começou na vida pública aos 22 anos, quando integrou um departamento do governo de Lomanto Júnior. Aos 26, foi convidado pelo então governador Antônio Carlos Magalhães (ACM) para ser o titular da Secretaria do Planejamento, Ciência e Tecnologia. Na sequência, foi nomeado chefe de gabinete de ACM, na época presidente da Eletrobrás. >
ACM é uma das figuras que permeiam a trajetória política do radialista. Após ser reconduzido ao Palácio de Ondina, ele nomeou Mário Kertész como prefeito de Salvador, em 1979. Ao final do seu mandato, em 1981, os dois romperam relações e cultivaram uma grande rivalidade política. Mário ainda retornou ao Palácio Thomé de Souza, dessa vez pelo voto popular, em 1985. >
“A minha vida com Antônio Carlos teve grandes momentos, ele me deu grandes oportunidades na vida, assim como também foi um inimigo terrível. No final da vida dele, retomamos a amizade e o carinho. O fato de termos rompido não apagou a gratidão que tenho por ele ter reconhecido o meu valor e ter me dado as oportunidades que ele me deu”, pondera Mário. >
Após o fim do período como prefeito, em 1988, Mário Kertész passou a se dedicar ao rádio. Ele havia iniciado sua trajetória como radialista enquanto chefiava a gestão municipal, prestando contas da sua gestão à população. Nos anos seguintes, ele adquiriu a Rádio Cidade que, em 2000, viraria Rádio Metrópole, que chefia até hoje. >
Política>
Mário credita a sua experiência na política como um diferencial na sua trajetória na comunicação. “A somatória dessas vidas anteriores me permitiu ver como as coisas funcionam por dentro e isso favoreceu a minha comunicação, porque eu conseguia ter uma visão que outros não tinham. Não que eu seja melhor do que ninguém, mas ter vivido do outro lado me dá uma outra perspectiva diferente”, diz. >
Como gestor da Rádio Metrópole, ele destaca a característica do veículo de dar oportunidades para novos jornalistas, com liberdade para sugerir novos programas ou formatos que fujam do convencional. “A rádio se transformou em uma grande escola que nos permite formar jornalistas e mudar a opinião das pessoas que nos ouvem. Isso é uma coisa fantástica, que me dá energia para continuar trabalhando, mesmo na minha idade. Além disso, é uma rádio com intensa participação popular, onde os ouvintes nos ensinam muita coisa e mostram um ponto de vista que muitas vezes não vemos”, conta. >
Mário Kertész define a sua biografia como um “sanduíche entre a fala e a palavra”. Ele destaca que não há sentimentos como rancor ou raiva na obra e que buscou manter uma linguagem simples, que usasse elementos radiofônicos na sua escrita. “Eu quero que cada pessoa me interprete do jeito que ela quiser. Tem gente que vai gostar desse livro, tem aqueles que vão detestar, mas não tenho pretensão nenhuma quanto a isso. A única coisa que quero é que as pessoas leiam e vejam uma pessoa que fala as coisas de uma forma franca”, finaliza.>