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Alan Pinheiro
Publicado em 27 de junho de 2025 às 18:08
Uma história de mais de 40 anos está próxima de ser encerrada. O Centro de Treinamentos Osório Villas-Bôas, popularmente conhecido como Fazendão, foi vendido pelo Bahia para uma construtora. A informação foi divulgada inicialmente pelo radialista Jailson Baraúna e confirmada pelo CORREIO. >
Segundo Baraúna, a venda do Fazendão foi realizada por cerca de R$ 40 milhões, o dobro da estimativa realizada durante a gestão de Guilherme Bellintani, à época R$ 22 milhões. A reportagem, no entanto, ouviu de fontes ligadas ao clube que o valor da negociação ultrapassa as cifras citadas. De acordo com o divulgado pelo Bahia, o Fazendão tem área superficial de 125.463 m² e a área anexa, de 3.200,50 m². O futuro do equipamento, sediado em Lauro de Freitas, estará relacionado ao programa ‘Minha Casa Minha Vida’.>
O Esquadrão já não utilizava o Fazendão desde o fim de 2019, quando decidiu se mudar para a Cidade Tricolor, equipamento mais moderno e com espaço para ampliação. Em contrapartida ao fim da relação entre o clube e o equipamento, o Bahia tem negociações avançadas para comprar um terreno na Via Metropolitana, onde será construído o novo CT.>
Antigo CT do Bahia, Fazendão está sendo vendido
Em 2020, o Conselho Deliberativo do Bahia aprovou o edital da venda do Fazendão. Naquele momento a gestão entendia que não tinha condição de arcar com os custos da manutenção de duas estruturas de grande porte.>
A ideia era usar o dinheiro da venda para pagar dívidas trabalhistas. O clube chegou a receber uma oferta de R$ 22 milhões pelo terreno em 2021, que foi aprovada em assembleia pelos sócios, mas os planos foram abortados após o início da negociação com o Grupo City para a transformação em SAF. Após o acordo com o fundo árabe, tanto a Cidade Tricolor quanto o Fazendão tiveram as posses passadas para o novo sócio.>
O Fazendão foi a casa do Bahia por 40 anos. O clube se mudou da Fazendinha, no Costa Azul, para o CT em 1979. Na época, o terreno em Itinga foi comprado utilizando o dinheiro da venda do jogador Jorge Campos para o Atlético-MG. Jorge Alberto Miranda Campos defendeu o Bahia na década de 1970 e foi tetracampeão baiano. Ao todo, ele marcou 57 gols e deu 21 assistências com a camisa tricolor. O ex-atacante, que faleceu em 2024, deixou sua marca dentro e fora de campo pelo Tricolor.>
Durante a inauguração do Centro de Treinamento Osório Villas Boas, o recém-empossado Paulo Maracajá afirmou, em meio a uma leva de torcedores, que o Fazendão era o símbolo de uma união entre torcida e clube. "Isso que vocês estão vendo aí, não pensem que é dinheiro nosso. Isso aí, cada pedra, cada saco de cimento, cada caminhão de areia, é dinheiro do torcedor. De uma família unida pelo bem tricolor. Por isso eu me sinto satisfeito em ver toda essa gente aqui presente", disse.>
Apesar de ser a casa do Bahia durante momentos ruins de sua trajetória, como os rebaixamentos que levaram o clube à Série C em 2006 ou os sete anos fora da elite do futebol brasileiro, foi treinando no Fazendão que o Esquadrão dominou o Brasil pela segunda vez, se sagrando campeão brasileiro em 1988. Isso sem contar os 18 títulos estaduais conquistados da inauguração até a decisão da mudança para a Cidade Tricolor.>
Atualmente diretor de futebol do Galícia, Jayme Brandão chegou ao Bahia em 2006 para cumprir a função de assessor de comunicação. Dos 17 anos em que trabalhou no clube, 13 foram dentro do Fazendão, local que lembra com emoção das histórias do cotidiano. “Para mim foi uma emoção muito grande desde o dia que eu fui fazer a minha primeira entrevista lá. Foi um lugar que eu passava mais tempo do que na minha própria casa. Na verdade, acabou sendo minha primeira casa, não dava nem para chamar de segunda”, contou.>
Com o tempo, Jayme foi crescendo dentro do clube e mudando de função, incluindo supervisor e gerente de futebol. Segundo o comunicólogo, as novas responsabilidades, principalmente em relação à administração do equipamento, acentuaram o sentimento de zelo pelo CT em termos de melhorias estruturais.>
“Foi aí que eu criei um apego maior pelo Fazendão. Queria sempre o CT bem cuidado, com um campo bom e tudo funcionando. Acabei criando um apego maior pelo espaço. Historicamente é um lugar importantíssimo na trajetória do Bahia, grandes craques passaram por lá. Muitos jogadores foram revelados também naqueles campos e é um lugar especial para mim e para todos que viveram o Fazendão”, finalizou.>