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Pedro Carreiro
Publicado em 17 de agosto de 2025 às 14:00
A segunda edição do Spaten Fight Night, marcada para 27 de setembro em São Paulo, se aproxima trazendo um card repleto de grandes embates. Entre eles, destacam-se a aguardada revanche entre Wanderlei Silva e Vitor Belfort e a defesa do cinturão brasileiro dos médios por Hebert Conceição contra Yamaguchi Falcão. Mas, em meio a tantas atrações, um duelo promete roubar a cena: a leoa baiana Beatriz Ferreira encara a uruguaia Maira “La Panterita” Moneo pela defesa do cinturão mundial peso-leve da Federação Internacional de Boxe (IBF). >
Natural de Salvador, Bia revelou em entrevista ao CORREIO ser torcedora do Vitória e amar as cores rubro-negras, assim como a mãe e a irmã, embora o pai, o ex-boxeador Sergipe, seja Bahia. No defesa do cinturão, a Leão da Barra vai encontrar outra felina, a uruguaia Maira Moneo, que carrega o apelido de “La Panterita” devido ao seu estilo de luta agressivo. Mas este duelo entre Leoa e Pantera não será uma simples defesa de cinturão para a baiana: será a primeira vez que ela fará uma grande luta no Brasil.>
“Essa luta é super especial. Queria muito já ter lutado no meu país antes, mas não aconteceu. Agora finalmente vai ser possível, e estou muito feliz. Quero me apresentar da melhor forma possível para o público que terá a oportunidade de me ver de perto, especialmente minha família. Tenho certeza de que será a minha melhor luta, ou uma das melhores, justamente por ter esse carinho da torcida. E, se Deus quiser, o cinturão vai permanecer comigo”, projetou Bia com grande expectativa. >
Bia Ferreira
Invicta no boxe profissional, com sete vitórias, duas delas por nocaute, Bia já defendeu o cinturão em duas ocasiões, a mais recente em junho, quando superou a argentina Maria Ferreyra por decisão unânime após dez rounds. Desde então, iniciou a preparação para encarar a uruguaia Maira Moneo, que promete ser uma adversária dura. Aos 32 anos, mesma idade de Bia, Moneo soma maior rodagem no boxe profissional: são 16 vitórias (três por nocaute) e duas derrotas, além de já ter sido campeã interina da Associação Mundial de Boxe.>
“Nós concentramos a preparação em oito semanas antes da luta de treino específico. Antes disso, já analisamos e montamos o plano do que precisava ser corrigido e quais ataques seriam os mais eficazes. Nessas oito semanas, colocamos em prática o que já vínhamos treinando”, explicou a pugilista. >
“Estou gostando muito da preparação, está sendo ótimo. Todas as atletas que enfrentei até hoje foram muito difíceis, e acredito que o boxe profissional exige isso: combates duros. Mas estamos bem preparados, estudamos bastante e tomamos todos os cuidados para fazer uma boa performance e dar um show para o público”, acrescentou. >
Enquanto a preparação para a luta segue a todo vapor, Bia deixou de lado um detalhe marcante do seu estilo: as dancinhas. Com todo o gingado baiano, a boxeadora costuma celebrar suas vitórias com coreografias no ringue, uma de suas marcas registradas. Desta vez, porém, ainda não pensou em nada para depois do embate contra a uruguaia.>
“Geralmente deixamos isso para a última semana, quando estamos mais descontraídos. Normalmente recorro aos meus seguidores e peço sugestões. Vejo os passinhos e, se der, aprendo. Mas, por enquanto, ainda não tenho nada preparado. Estou aceitando ideias”, brincou. >
O que já está consolidado, no entanto, é a carreira de respeito da baiana. Medalhista de prata nos Jogos de Tóquio e de bronze em Paris, bicampeã pan-americana e bicampeã mundial, além de eleita duas vezes atleta brasileira do ano (2019 e 2023), Bia é hoje um dos principais nomes do esporte nacional. E, ao subir no ringue em um grande evento no país, também carrega a bandeira contra o preconceito que muitas mulheres ainda enfrentam no esporte.>
“Me sinto lisonjeada de representar o boxe feminino e a minha equipe, mostrando que o lugar da mulher é onde ela quiser. Tenho o privilégio de provar que mulher também é muito boa na trocação. Aproveito todas as oportunidades para incentivar, porque acredito que toda mulher deve saber se defender e, se quiser, pode se tornar uma atleta de alto rendimento”, destacou. >
“Vejo que o cenário do boxe feminino está crescendo, e fico muito feliz em contribuir com isso. Sei que o mundo da luta ainda tem machismo, mas lidamos bem com isso. A mulher é tão forte que não absorve essas barreiras e mostra que pode ser boa em tudo o que faz”, completou. >
Bia Ferreira criança
Mesmo com o foco total no duelo contra Maira Moneo, Bia já projeta os próximos passos: ganhar mais experiência no boxe profissional e conquistar novos cinturões. Para não perder o ritmo, tem como meta realizar mais uma luta ainda em 2025.>
“Pretendo fazer mais uma luta ainda este ano. Se tudo der certo, em dezembro volto aos ringues e encerro o ano com chave de ouro. Agora que estou focada apenas na carreira profissional, quero lutar o máximo possível, ganhar experiência e disputar outros cinturões. Já penso em dezembro porque estou acostumada a esse ritmo. Ficar muito tempo sem lutar é difícil para mim”, contou. >
Para esse possível compromisso, Bia garante que não escolhe adversária: está pronta para encarar quem aparecer. Ainda assim, se pudesse escolher, já tem um alvo em mente, e até já lançou o desafio.>
“Eu não escolho adversários. Minha equipe, meu empresário e meu manager cuidam disso. Luto com quem vier, não fico escolhendo. Já desafiei a Stephanie, dona do cinturão da WBO. Na minha última luta em Orlando, em junho, ela até aceitou verbalmente, mas até agora não respondeu à proposta de contrato. No fim, meu objetivo é enfrentar as melhores para provar que estou na briga e que quero me tornar a campeã indiscutível da minha categoria”, projetou. >
Pensando ainda mais a frente, Bia sonha em um dia lutar na Bahia, principal celeiro do boxe nacional, que já revelou nomes como Popó, Acelino "Popó" Freitas, Robson Conceição, e Hebert Conceição, Reginaldo Holyfield, Luiz Dórea, Adriana Araújo, Keno Marley e Samuel Rosa. Mas, enquanto essa oportunidade não chega, ela já celebra o fato de cada vez mais ocorrerem eventos de grande porte no Brasil. >
“Seria incrível. Quem sabe uma edição do Spartan Fight Night em Salvador? O Brasil ainda tem poucos eventos de boxe profissional, mas estamos crescendo nesse cenário. Infelizmente, a maioria ainda acontece fora do país. Que bom que existem empresas investindo no boxe, fazendo isso acontecer”, comentou. >
“Eu topo lutar em Salvador. Temos muitos atletas de alto nível no Brasil, principalmente na Bahia. Seria uma noite incrível, com várias lutas. Ainda faltam mais eventos para que possamos mostrar nosso trabalho, mas acredito que isso esteja próximo de acontecer”, concluiu. >