Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Alan Pinheiro
Publicado em 27 de outubro de 2025 às 20:22
17 anos. Esse foi o tempo que o baiano Uri Valadão esperou antes de comemorar pela segunda vez na carreira o título de campeão mundial de bodyboarding. O título foi confirmado no último sábado (25), após o francês Pierre-Louis Costes ser eliminado nas semifinais do Frontón King, última etapa do IBC World Tour, disputada nas Ilhas Canárias, Espanha. Torcedor do Bahia, o “Baiano Voador” entrou na história do esporte.>
Com a nova conquista, Uri Valadão se torna o segundo maior campeão brasileiro da história na categoria masculina, atrás apenas de Guilherme Tâmega, que tem seis títulos mundiais. O primeiro grito de campeão aconteceu em 2008. Na época com 23 anos, a praia de El Confital, também nas Ilhas Canárias, foi o palco de sua celebração. Apesar de ter sido eliminado nas quartas de final da etapa, somente o francês tinha chances de ultrapassar o brasileiro. No entanto, era preciso passar das semifinais para ameaçar o título baiano, o que não aconteceu.>
A confirmação do bicampeonato mundial foi celebrada pelo atleta, que se emocionou ao lembrar da carreira e de Cris Nunes, tia de sua esposa, que faleceu na semana passada. "Só agradecer. Um dos dias mais felizes da minha vida. Perdi uma bateria acirrada. No final das contas tive que torcer para os outros adversários. O título voltou depois de 17 anos. Inacreditável. Muito emocionado. Eu me lembrei de uma pessoa muito especial que morreu essa semana, uma tia minha, tia Cris. Eu senti ela muito presente. Ela se foi, mas está aqui comigo”, disse.>
Se a conquista já transformou as Ilhas Canárias em lugar de festa, a recepção do campeão em Salvador, nesta segunda-feira (27), contou com gritos de campeão, estouro de champanhe e pranchas de bodyboard levadas por familiares, amigos e fãs que estiveram presentes no aeroporto da capital baiana. Vestindo a lycra da competição e com uma bandeira do Brasil no pescoço, o baiano apareceu exibindo o troféu. Uri também estava acompanhado dos atletas Isaías Ravyc e Gabriel Braga, que dividiram os aplausos no local.>
Natural de Salvador e torcedor declarado do Bahia, Uri começou a praticar bodyboarding logo aos 12 anos, quando surfava na praia da Terceira Ponte. Entre títulos conquistados nas categorias de base desde seu início no esporte, o ponto máximo de sua carreira até então tinha sido em 2008, quando chegou ao topo do ranking. Quando foi campeão, o processo de treino foi árduo, gerando uma lesão no ombro durante a preparação. Na briga pelo topo, o baiano tinha que superar Pierre Louis Costes, o australiano Ben Player e o brasileiro Guilherme Tâmega, ídolo de Uri e detentor do último título do país até então.>
A missão foi cumprida, mas o trabalho não parou. Nos 17 anos de hiato entre os títulos mundiais, o baiano soma conquistas em competições regionais, cinco campeonatos brasileiros, três latino-americanos e dois pan-americanos. Fora do circuito competitivo, criou a própria escola de bodyboarding em 2016 para ensinar jovens e adultos. De início, eram apenas quatro alunos em Stella Maris, mas o negócio cresceu e atualmente conta com mais de 70 alunos entre Bahia e Rio de Janeiro.>