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Pedro Carreiro
Publicado em 15 de julho de 2025 às 17:00
O mundo do esporte perdeu nesta semana uma de suas figuras mais inspiradoras. Fauja Singh, conhecido mundialmente como o maratonista mais velho do planeta, faleceu aos 114 anos após ser atropelado por um carro em sua aldeia natal, próxima à cidade de Jalandhar, no estado de Punjab, na Índia. O acidente ocorreu na segunda-feira (15), mas a confirmação da morte veio apenas nesta terça-feira (16), por meio de seu clube de corrida e instituição de caridade, a Sikhs In The City, sediada em Londres. >
De acordo com a imprensa indiana, Singh sofreu graves ferimentos na cabeça enquanto atravessava a rua. O motorista responsável pelo atropelamento fugiu do local sem prestar socorro. O maratonista chegou a ser levado ao hospital, mas não resistiu.>
Nascido em 1º de abril de 1911, segundo seu passaporte britânico, Fauja Singh só começou a correr aos 89 anos, após enfrentar uma profunda depressão provocada pela perda de sua esposa e de seu filho mais próximo, Kuldip, que morreu tragicamente durante uma tempestade em 1994. O luto o deixou isolado, até que, já morando com o filho mais novo em Londres, encontrou na corrida uma forma de reencontrar sentido para a vida.>
A estreia veio em 2000, na Maratona de Londres. Desde então, Singh participou de oito provas de longa distância. Em 2011, aos 100 anos, ele completou a Maratona de Toronto, feito que o tornaria o homem mais velho a cruzar a linha de chegada de uma maratona completa. O Guinness World Records, porém, não oficializou o feito por falta de uma certidão de nascimento — documentos civis não eram emitidos em 1911 na região onde nasceu.>
Seu melhor desempenho aconteceu em 2003, também em Toronto, com um tempo de 5 horas e 40 minutos. Fauja Singh encerrou sua carreira competitiva aos 101 anos, ao completar uma corrida de 10 km em Hong Kong, em 1 hora, 32 minutos e 28 segundos. >
Singh também foi escolhido como um dos condutores da tocha olímpica nos Jogos de Londres, em 2012. Carismático e sempre sorridente, cativou o público não apenas por seus feitos atléticos, mas por sua filosofia de vida. “De uma tragédia surgiu muito sucesso e felicidade”, costumava dizer.>
Mesmo após a aposentadoria das competições, ele expressava o desejo de continuar sendo lembrado: “Espero que as pessoas não me esqueçam só porque parei de correr. Ainda quero estar presente.”>
O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, prestou homenagem ao maratonista: “Ele era um atleta excepcional com uma determinação incrível. Inspirou gerações com sua personalidade única e seu exemplo de boa forma física. Estou triste com seu falecimento. Meus pensamentos estão com sua família e inúmeros admiradores em todo o mundo.”>