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Alan Pinheiro
Publicado em 22 de agosto de 2025 às 05:00
Nos acréscimos do segundo tempo, quando o Bahia buscava o gol da classificação contra o Ceará, um personagem fora das quatro linhas chamou a atenção: o gandula. Em um momento crucial do jogo, com duas bolas em campo por instantes, Vitor Bueno agiu de forma rápida e retirou uma delas, permitindo que a jogada seguisse normalmente e culminasse no gol que classificou o Bahia às finais da Copa do Nordeste. >
De acordo com Vitor Bueno, o momento foi de puro reflexo e um dever de cumprir a sua função. Como gandula, havia um trabalho a ser cumprido, o que aconteceu sem pestanejar. ”Na verdade, não passou nada pela minha cabeça. Simplesmente a bola caiu dentro do campo e eu rapidamente entrei para cumprir a minha função e tirei a bola para o jogo não parar”, disse.>
O gesto do gandula teve grande repercussão nas redes sociais. Muitos torcedores o exaltaram como "homem do jogo", destacando sua agilidade e atenção em um momento decisivo. Por outro lado, alguns torcedores do Ceará ficaram na bronca acreditando que a partida deveria ter parado.>
A intervenção foi fundamental. De acordo com a Lei 5 das Regras do Jogo, a FIFA determina que, se houver a presença de duas bolas dentro de campo e a bola extra interferir diretamente no jogo, o árbitro deve interromper a partida imediatamente. Caso a bola extra permanecesse no gramado, a arbitragem poderia ter interrompido o lance. Mas, com o campo liberado, Everton Ribeiro cruzou e Thiago, que havia acabado de entrar, balançou as redes.>
No dia seguinte ao momento de herói, Vitor naturalmente foi tietado. A rotina de uma pessoa comum que já trabalhava como gandula desde os 16 anos mudou da noite para o dia, literalmente. Ganso, apelido que recebeu pela semelhança com o meia do Fluminense, revelou que recebeu muitas mensagens de torcedores em suas redes sociais, além de pedidos de entrevista e de participações em transmissões ao vivo. >
Em seu perfil nas redes sociais, o carinho do torcedor pôde ser visto. Postagens exaltando e agradecendo pela atitude do profissional foram repostadas pelo gandula. Apesar da “invasão” ao campo, Vitor garantiu que não foi repreendido. “Só estava fazendo o meu trabalho”, reafirmou. Herói improvável da classificação, o homem de 28 anos revelou que o Bahia não entrou em contato.>
Antes de trabalhar como gandula, Vitor confessa que nunca foi de assistir jogos da arquibancada. A presença na Arena Fonte Nova aumentou justamente quando foi indicado para o trabalho. Desde então, são 12 anos atuando ao lado do gramado onde o Bahia manda seus jogos. “12 anos sem faltar. Todo jogo eu estou na Fonte Nova”, afirmou.>
Quando o Bahia voltar a campo em Salvador no domingo (24), quando enfrenta o Santos pela 21ª rodada do Brasileirão, o torcedor tricolor que estiver presente na Fonte Nova já sabe a quem agradecer por mais uma final da Copa do Nordeste.>