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Relembre como Bahia e Vitória pularam a fogueira e superaram o São João há 30 anos

Tanto o Esquadrão de Aço quanto o Leão da Barra venceram o União São João em 1995, em meio a momentos de crise na Série A

  • Foto do(a) author(a) Alan Pinheiro
  • Foto do(a) author(a) Pedro Carreiro
  • Alan Pinheiro

  • Pedro Carreiro

Publicado em 24 de junho de 2025 às 05:30

Bahia 1 x 0 União São João pela Série A de 1995
Bahia 1 x 0 União São João pela Série A de 1995 Crédito: Arquivo CORREIO

Vestir uma camisa quadriculada, pular uma fogueira e comer bolo, milho e canjica. Essas são algumas das tradições seguidas na época de São João para entrar no clima da festa. Independente de estar no interior ou na capital, o torcedor baiano vai aproveitar o feriado desta terça-feira (24), mas longe de seus clubes do coração. Bahia e Vitória estão de férias na temporada por conta do Mundial de Clubes e não jogam até o início de julho. No entanto, a dupla Ba-Vi compartilha uma história relacionada aos festejos juninos. Há 30 anos, tanto o Tricolor quanto o Leão pularam a fogueira e superaram o (União) São João.

O União São João é um clube brasileiro da cidade de Araras, interior do estado de São Paulo, fundado em 14 de janeiro de 1981. É o time responsável por formar e revelar o lateral esquerdo Roberto Carlos, ex-Real Madrid e Seleção Brasileira. Apesar do nome de destaque, atualmente disputa a Série A3 do Campeonato Paulista. Em 1995, no entanto, estava na elite do futebol brasileiro, assim como os dois times de Salvador.

Bahia vence o São João no sufoco e alivia crise 

O primeiro a entrar no "arraiá" fora de época foi o Bahia. Antes da bola rolar, o momento das duas equipes não era bom. O Bahia havia perdido os dois jogos anteriores, diante de Portuguesa e Santos, e a pressão da diretoria pairava sobre o elenco. Um novo revés poderia significar afastamento de titulares da equipe. Nesse contexto, o último coletivo realizado terminou com clima quente, já que dois jogadores “saíram na mão”.

“O volante Souza entrou rispidamente numa dividida de bola com Odemílson e quase lesiona gravemente o companheiro. O lateral conseguiu se livrar da entrada desleal de Souza. Houve, no entanto, troca de socos e pontapés, A ‘turma do deixa disso’ entrou em ação e os ânimos foram serenados”, diz a edição de 6 de outubro de 1995 do jornal CORREIO.

No dia 8 de outubro daquele ano, um domingo, o Tricolor recebeu o União São João em Pituaçu e, com um gol solitário de Ângelo, venceu por 1x0. A partida, que fechou o primeiro turno do Brasileirão, foi fundamental para as pretensões do Esquadrão de Aço de se manter distante da zona de rebaixamento. Apesar do resultado, os 1716 pagantes vaiaram o time ao final do confronto pela postura de segurar o placar, mesmo com dois a mais em campo. Vale destacar que o clube só ficou com R$ 161 de renda dessa partida.

Bahia 1 x 0 União São João pela Série A de 1995 por Arquivo Correio

“O União São João ficou reduzido a nove jogadores com as expulsões de Chiquinho e depois Éder Aleixo. O Bahia, ao invés de ser atrevido, inexplicavelmente recuou nos instantes finais para garantir o ‘magro’ placar de 1x0. Por isso, a equipe levou algumas vaias no final”, destacou o CORREIO na época.

O triunfo, suado e de placar mínimo, representou mais do que três pontos: foi um respiro de alívio para a torcida, que via o time oscilar na competição. O "São João" do time de Araras, que naquele ano amargaria a lanterna e o rebaixamento, acabou por ser um "santo" que ajudou o Bahia em sua caminhada.

Após o final da partida, o técnico Otacílio Gonçalves compartilhou do sentimento da torcida e criticou seu time pela atuação diante do clube de São Paulo. “Faltou tranquilidade aos nossos atletas. Nos instantes finais, a torcida vaiou e isso é natural. Os torcedores queriam um escore maior, porque o União São João estava com nove jogadores. Os nossos atletas ‘seguraram’ o placar porque a partida estava quase no final”, disse.

Vitória goleia o São João e escapa do rebaixamento 

Já na reta final daquele Brasileirão, foi a vez do Vitória entrar na “folia junina” para tentar “pular a fogueira”. Faltando três rodadas para o fim do certame, o rubro-negro baiano se encontrava numa situação complicada e iria enfrentar um União São João já rebaixado. A pressão sobre o Leão da Barra para a partida era grande, pois o time vinha de uma derrota de virada para a Portuguesa, diante da própria torcida, que deixou a comissão técnica de “cabeça inchada” e a torcida revoltada. Com o resultado, a equipe estacionou nos 19 pontos e viu o Paysandu, primeiro time dentro da zona de rebaixamento, vencer na rodada e chegar aos 18.

“Faltou calma. O time colocou 1 x 0 e ficou tranquilo. Passou a cometer muitos erros, não acertava os passes e houve até mesmo individualismo exagerado. A torcida ficou impaciente e começou a vaiar. Aí, as coisas pioraram. A Portuguesa teve a felicidade de aproveitar dois chutes de fora da área e matar o jogo”, avaliou o técnico Geninho.

O revés diante da Lusa, no dia 21 de novembro, foi tão frustrante e colocou o time em situação tão delicada que, dois dias depois, na reapresentação do elenco, a equipe sequer treinou. O dia foi reservado apenas para uma longa conversa com o presidente do clube à época, Paulo Carneiro.

“O dirigente está muito aborrecido com a campanha do time e cobrou dos jogadores mais respeito à camisa do clube. Chateado, Paulo Carneiro afirmou que não haverá gratificação extra no caso de evitarem o rebaixamento do Vitória. O presidente salientou que a responsabilidade pelos maus resultados é da própria equipe e que cabe a ela evitar o pior, que é o descenso”, escreveu a edição do CORREIO de 24 de novembro daquele ano.

União São João 1 x 5 Vitória pela Série A de 1995 por Arquivo CORREIO

Como todos sabem, a magia do São João é mais forte no Nordeste, e foi justamente essa energia que parece ter jogado a favor do Vitória no momento em que mais precisava. Embora o União São João fosse o mandante da partida, o duelo não aconteceu em Araras, interior de São Paulo, mas sim no Estádio Rei Pelé, em Maceió. A mudança de local partiu da própria equipe paulista, que buscava reduzir os prejuízos financeiros com um público que, em casa, seria irrisório. O que o União talvez não esperasse era que, ao levar o jogo para terras nordestinas, estaria acendendo a chama que faltava para o Vitória reagir e sair da crise.

Diante de apenas 218 pagantes, no Estádio Rei Pelé, em Maceió, no domingo, 26 de novembro, o Vitória não tomou conhecimento do União São João e colocou o adversário para “dançar quadrilha” ao som de uma goleada por 5 a 1. Apesar do placar elástico, o início da partida foi tenso para o Leão da Barra, que foi para o intervalo perdendo por 1 a 0. A reação veio no segundo tempo, com a entrada decisiva de Paulinho Kobayashi, que assumiu o papel de “rei do milho” e marcou três gols, liderando a virada rubro-negra. Silvinho e Reinaldo completaram o marcador, selando a vitória e reacendendo a esperança do time na luta contra o rebaixamento.

O triunfo levou o Vitória aos 22 pontos e foi a última vitória do time naquela edição do Brasileirão. Nas duas rodadas finais, o rubro-negro baiano acabou derrotado por Goiás e Atlético-MG, mas ainda assim conseguiu escapar do rebaixamento, terminando na 22ª colocação da classificação geral. A salvação veio graças ao tropeço do Paysandu, que perdeu seus três últimos jogos e encerrou a campanha com 18 pontos, na 23ª posição, rebaixado ao lado do União São João. Vale lembrar que, naquela época, o campeonato contava com 24 equipes, e apenas as duas últimas colocadas eram rebaixadas para a Série B.