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SAF, Arena Barradão e base: Fábio Mota abre o jogo em entrevista ao CORREIO

Atual presidente do Vitória foi reeleito no último sábado (13), com 85,95% dos votos

  • Foto do(a) author(a) Alan Pinheiro
  • Alan Pinheiro

Publicado em 15 de dezembro de 2025 às 05:00

Fábio Mota foi reeleito presidente do Vitória até 2028
Fábio Mota foi reeleito presidente do Vitória até 2028 Crédito: Yuri Couto/EC Vitória

Fábio Mota foi reeleito como presidente do Vitória no último sábado (13), com 85,95% dos votos. Após terminar a temporada com a permanência na primeira divisão, o rubro-negro agora definiu quem será o presidente do clube no triênio 2026-2028. Dando continuidade a gestão, o dirigente do clube baiano explicou o planejamento para o próximo mandato em entrevista exclusiva ao CORREIO.

Depois do resultado, Fábio Mota comemorou a vitória. "É gratificante, é emocionante, dá responsabilidade para que a gente faça um grande mandato daqui nos próximos três anos. Maior eleição da história do clube. E isso dá mais responsabilidade para que a gente possa fazer, dar motivação e energia para fazer um mandato diferente", disse o presidente.

Fábio Mota foi reeleito presidente do Vitória até 2028 por Yuri Couto/EC Vitória

Esta foi a quarta eleição desde que a torcida rubro-negra conquistou o direito ao voto direto. Antes, os torcedores do Leão haviam escolhido Ricardo David, Paulo Carneiro e o próprio Fábio Mota em 2022, quando deixou de ser presidente interino para um mandato oficializado. Confira a entrevista completa abaixo:

Como pretende organizar o orçamento do clube para formar um elenco competitivo, mesmo com restrições financeiras?

Para você ter competitividade, você tem que ter o dinheiro e aí tem que arrumar um investidor. Nós contratamos o maior escritório do Brasil, o de André Sica, e estão trabalhando muito na busca desse investidor. Mas não é só o Vitória. O Brasil todo busca SAF. A primeira solução e a mais fácil seria essa. A solução dois é reestruturar a base do clube. Quando a gente chegou, até o bolsa-auxílio dos meninos tinha uns seis meses de atraso, não tinha comida, bola para treinar, campo. Passamos quatro anos reestruturando toda a base. O Vitória tinha perdido o certificado de Clube Formador. Isso é grave, porque quando você perde o título de formador, você fica sem nenhuma segurança sobre o atleta que lá está. Para a gente ter de volta o título de formador, precisa ter autorização de vários órgãos estaduais, federais e municipais que não davam mais os alvarás, porque estava tudo deteriorado. Melhoramos a profissionalização da base. Hoje a gente tem psicólogo, analista de inteligência buscando atletas em outros clubes. Hoje a gente tem nutricionista, tem suplemento alimentar, tem Catapult de GPS que dá para monitorar quase todas as categorias do Vitória. Temos uma fisiologia só para a base, uma fisioterapia só para a base, uma academia toda nova só para a base. Entendemos que o plano B da falta de investimento é você formar o atleta em casa. Então, as condicionantes: primeiro é a infraestrutura da base, que hoje é uma estrutura toda nova. Segundo, é você trazer novos atletas. Nós hoje temos oito observadores no Brasil como um todo. Esses observadores encontram os atletas em peneiras, em torneios e encaminham para o Vitória. Os observadores hoje encontram um jogador no Amapá, manda para o Vitória, ele fica 15 dias na Casa do Atleta com todo acompanhamento de nutricionista, de assistente social etc. Se ele for aprovado, já fica aqui. Isso tem mostrado alguns avanços nesses quatro anos. Vamos jogar, depois de muito tempo, a Série A do Campeonato Brasileiro Sub-20. Isso é importante porque a gente mostra nossos atletas, isso é importante porque incentiva quem está de fora a querer vir para o Vitória. Então, por acreditar muito na base, o nosso plano A hoje, que está mais próximo, é a gente continuar a estrutura da base. A nossa ideia é que, nesse ano de 2026, a gente tenha 30% de atletas do nosso plantel vindos da base. Em 2027, 40% e em 2028, 50%. A gente precisa fazer atleta para vender e fazer grana e também para o time ficar mais competitivo e mais barato para brigar com as grandes forças do futebol nacional.

Que medidas vai adotar para dar mais estabilidade à comissão técnica e evitar mudanças frequentes que ocorreram nos últimos anos?

Infelizmente, a gente tem a cultura de que, quando está dando errado, é mais fácil mandar o treinador embora do que 35 jogadores. A cultura é assim e não vai mudar tão cedo. No Vitória foi diferente. Léo Condé foi contestado, eu mantive e ele acabou ganhando dois títulos. A mudança de treinador vem de acordo com a convicção e a confiança que ele passa a perder dos atletas. Isso tem uma série de fatores. Como eu disse, nossa base está em reestruturação. Você começa tendo que contratar um caminhão de jogadores, porque você não tem. O Vitória passou a ter ativos, passou a ter atletas. O Vitória não tinha atletas, era time de aluguel. Não tinha nem base. Hoje o Vitória tem mais de 30 que são do clube com contrato vigente. Isso permite você ter uma base. Nós fizemos campanha de G8 no segundo turno. Terminamos com uma grande campanha. Isso quer dizer que o time do returno é uma base. A nossa ideia é contratar cada vez menos. A tendência é que agora a gente contrate menos porque o time já está com a base sólida e terminou o campeonato bem.

Qual é o seu plano para aproveitar melhor as categorias de base, algo que sempre esteve na identidade do clube, e revelar jogadores para o time profissional?

Primeiro, nós estruturamos. Quando eu cheguei no Vitória, o menino não tinha nem o dinheiro da bolsa-auxílio, tinha seis meses de atraso, não tinha comida. Então, a gente estruturou e está buscando atletas na Bahia e no Brasil como um todo. Nossa base hoje está mais competitiva porque está mais profissional. O maior legado da minha gestão é a estruturação que a gente deu para a base. A base do Vitória daqui a dois ou três anos volta a ser a grande reveladora do Nordeste e uma das grandes reveladoras do país. Por quê? Porque a gente fez toda a estrutura para começar a revelar daqui para frente.

Quais ações pretende realizar para captar e fidelizar novas receitas — de patrocínios, marketing, sócios, lojas oficiais etc — para deixar o clube mais sustentável?

Arena Barradão. Vai ajudar a mudar o patamar do clube. É um projeto que já está pronto, aprovado pela direção do clube. A gente vai precisar do conselho deliberativo para aprovar a Arena Barradão. Vai precisar do conselho deliberativo para aprovar a estruturação da SAF e vai precisar também dos conselhos para aprovar as mudanças estatutárias que são necessárias. A Arena Barradão é um investimento de quase 500 milhões para mudar a vida do clube, que vai ter lojas, um serviço melhor, vai funcionar 24 horas nos seus restaurantes, vai trazer shows, exposição e vai trazer outras rendas para melhorar a vida do clube. Acho que a Arena Barradão é o grande marco desses meus três anos. Eu pretendo muito concluir deixando a Arena encaminhada.

Renato Kayzer - 9 gols por Arisson Marinho/CORREIO

Qual será sua estratégia para a infraestrutura do clube — estádio, centros de treinamento, logística — visando tornar o Vitória moderno?

Concluir nosso projeto de 12 campos do CT. Agora em março, a gente entrega o CT Leão da Barra. É um novo CT do Vitória. Vai permitir que a gente tenha o primeiro centro de treinamento exclusivo para o futebol feminino. Vamos ter um mini estádio com capacidade de 2.000 pessoas para o futebol feminino. Vai ter um prédio da fisiologia, fisioterapia, departamento médico só do feminino, um prédio de alojamento do feminino, um refeitório. Nesse mesmo CT, vamos ter também mais dois campos para divisão de base. E aí fechamos seis campos só para a base do clube, o que vai permitir suprir a demanda. Quando chegamos no Vitória, não tinha sub-14. Hoje temos do sub-9 ao sub-20. Aumentamos as categorias e por isso a necessidade de ter mais campos para dar vazão ao grande projeto que a gente vem fazendo da base do Vitória. É dar sequência, por isso a gente está buscando a infraestrutura necessária.

Qual será sua estratégia para os outros esportes praticados pelo Vitória? Fortalecer o clube fora do futebol está dentro das metas do presidente?

Quando eu cheguei, tinham desativado o futebol feminino. Nós conseguimos o acesso da Série C, estamos jogando a Série B. Hoje temos feminino no profissional, sub-20, sub-15 e sub-17. Reativamos o Remo, somos tricampeões baianos, ganhamos o Nordeste. Reativamos o Basquete, somos bicampeões baianos, bicampeões do Nordeste. Trouxemos o futebol de areia para o Vitória. Tem qautro anos que estamos na Liga Nacional de Futebol de Areia. Temos surfe, vôlei e por aí vai. Em resumo, a intenção é que o Vitória seja muito maior do que um clube de futebol. Evidente que o carro-chefe é o futebol, que sustenta tudo, mas o planejamento é tornar o Vitória competitivo em outros esportes. Tudo depende de grana. Primeiro é o dinheiro do futebol profissional, depois é o que vai acontecer. É prioridade? Sim.

Quais metas você estabelece para os próximos 3 a 5 anos (subida de patamar, folha salarial, permanência na elite, títulos, base, finanças)?

Pretendo terminar o meu mandato na Série A. Jogamos uma Sul-Americana, levamos o nome do Vitória para a América do Sul toda e abriu várias portas com isso aí. Evidentemente, cada ano que você vai ficando na Série A, você vai sedimentando e ficando mais forte. Tem uma divisão de base dos anos 80 e 90, da época de Paulo Carneiro [e Newton Mota], que deixou um legado espetacular no Vitória. Voltar a ter aquela divisão. Quando a gente tiver, vai permitir que a gente tenha mais competitividade e brigue pelos títulos que nós vamos disputar. Não é que hoje a gente não entre para brigar pelo título. Me incomodava muito ser presidente de um clube que virou chacota no Nordeste. O Vitória voltou à hegemonia do Nordeste e voltou a dar alegria para o torcedor. O Vitória não deve a nenhum clube do país em estrutura. Com certeza, está entre as 10 melhores estruturas do país, a melhor do Nordeste, fruto do trabalho de uma equipe que eu coordeno e que a gente quer dar sequência nestes próximos anos.

Como pretende blindar o futebol de influências políticas, amizades e “apadrinhamentos” que já prejudicaram o clube?

Não tem. Hoje, para ser contratado no Vitória, tem que ter currículo. Hoje o Vitória é profissional. Nós temos nove diretores profissionais. Lá não tem política na gestão. Lá não tem padrinho político na gestão. Lá é profissionalismo. Entreviste qualquer pessoa que entrou no Vitória nos últimos quatro anos e verá que ele passou por um processo seletivo de contratação.

A SAF do Vitória é um tema de alto interesse para o torcedor rubro-negro. Quais serão as próximas decisões práticas tomadas para formar a SAF do Leão?

O próximo passo é fazer a mudança do estatuto para se adequar à nova legislação. Tem uma comissão do conselho trabalhando nisso. Com o CT Leão da Barra, concluímos todo o nosso planejamento estratégico que nós montamos para a SAF. Vamos ser a maior SAF do Brasil. Tem que encontrar um investidor para depois você dar sequência ao projeto. Os investidores estão primeiro aguardando essa questão do fair play. Não tem segurança jurídica no Brasil hoje, esse é o grande problema. E também não tem investidor comprando um clube em nenhum lugar do mundo. Está meio que paralisado para ver o que é que vai acontecer. Estamos prospectando, indo nos congressos, aumentando o patrimônio do clube, organizando e mostrando o que a gente tem. Nunca tivemos nenhuma proposta vinculante de verdade. Sim, tem aventureiros. De vez em quando um liga, mas o negócio não é assim, como uma dúzia de banana né.

O Vitória no século 21 é um clube que entra na Série A para brigar contra o rebaixamento. Qual é o seu planejamento para mudar o Leão de patamar?

Para o Vitória elevar de patamar, você tem que ter divisão de base forte, que não vai ser do dia para a noite. Para elevar o patamar, tem que ter dinheiro. Enquanto não tem, enquanto a base não está pronta, a gente vai passar por isso aí, não tem o que fazer. É um processo lento de reconstrução do clube. Infelizmente, ou felizmente, o sucesso do Vitória foi muito rápido. O Vitória saiu da Série C para A em dois anos. E quando chegou na sua primeira Série A, passou a disputar cinco competições. As coisas no Vitória aconteceram muito rápido e isso faz com que a cobrança seja necessária. A torcida do Vitória é a grande responsável pelo sucesso dos meus quatro anos de gestão. Nós montamos um projeto e a torcida veio junto. Quando eu cheguei tinha 4.000 sócios. Nós conseguimos chegar a 40.000. A torcida acreditou no projeto e conseguimos grandes conquistas juntos.

Filipe Machado estava emprestado ao Coritiba  por Victor Ferreira/EC Vitória